V. Guimarães-Sporting, 0-1 (crónica)

22 fev 2002, 23:53

Não houve Jardel, mas houve João Pinto Foi muito difícil para o Sporting passar. Mas os leões ganharam o meio-campo. João Pinto fez o resto

O Sporting sabia que o teste ia ser difícil. Passar Guimarães nunca foi fácil para os leões. A vantagem de apenas um ponto sobre o Boavista e um F.C. Porto insistentemente recuperador desde a entrada de Mourinho não davam grande margem ao conjunto de Bölöni para uma escorregadela minhota. A indisponibilidade de André Cruz, confirmada sobre a hora do jogo, e a limitação física de Jardel, que continua sem poder dar o seu melhor, eram outras duas grandes preocupações dos leões.

Não havia Jardel, mas houve João Pinto. O «25» do Sporting fez um jogo de grande nível. Uma primeira parte soberba, um segundo tempo um pouco abaixo, mas, caramba, o mais importante já estava feito. João Pinto foi, basicamente, o homem que resolveu. Numa partida que parecia condenada a viver num impasse -- com um Sporting mais atacante mas pouco imaginativo, e sem grandes soluções ofensivas para apresentar --, o talento de João Pinto veio ao de cima, por via de um golo soberbo: respondendo a um centro de Pedro Barbosa, vindo da direita, o avançado sportinguista assinou um cabeceamento fantástico, de belo efeito e excelente execução.

E, de facto, num jogo como foi este V. Guimarães-Sporting, são estes pequenos pormenores que fazem as grandes diferenças. O líder do campeonato, como lhe competia, mostrou mais vontade de vencer. Atacou mais, criou mais oportunidades. Mas ao longo de todo o jogo o Sporting não disfarçou um grande problema. Jardel estava em campo, mas... era praticamente como se não estivesse. Limitadíssimo do ponto de vista físico, a dependência em relação a Super-Mário foi ainda mais evidente neste jogo: ele estava lá, mas não era o matador que os leões desejavam. Sem grandes soluções ofensivas no banco (Niculae é um lesionado de longa duração e até Nalitzis estava impedido para este jogo), o Sporting arriscava-se a não ter concretizadores.

Mas numa equipa com os recursos deste Sporting, nunca se pode afirmar que não há alternativas. O ponta-de-lança não estava apto para marcar? O homem destinado a servi-lo entrou em acção: João Pinto foi a chave que o Sporting utilizou para bater um Guimarães certinho, combativo, mas que falhou nos momentos cruciais do jogo.

O respeito de Bölöni

O Sporting abordou este jogo com muito respeito. Bölöni sabia que o Guimarães não é presa fácil e, com a capacidade de análise que o caracteriza, deve ter olhado para o historial dos últimos duelos entre Guimarães e Sporting. Percebeu rapidamente que a coisa ia ser dura. E foi.

Precavido, o técnico romeno abdicou de um certo nervo ofensivo, ao deixar Quaresma no banco, e preferiu reforçar a zona central do meio-campo. Jogou, assim, com dois trincos puros (Paulo Bento e Rui Bento), além do polivalente Hugo Viana. O meio-campo completava-se com Pedro Barbosa, a única unidade de cariz ofensivo que poderia apoiar os dois avançados: João Pinto e Jardel. O desenrolar da partida deu razão à cautela de Bölöni. É que a partida foi muito disputada a meio-campo: e nessa batalha principal, o Sporting levou a melhor.

No meio esteve a virtude

Inácio não optou por cautelas excessivos, apostando em três unidades ofensivas: Romeu, Ceará e Fangueiro. A intenção era clara e chegou a assustar os leões. Mas a verdade é que na tal luta decisiva a meio-campo, a equipa da casa perdeu pontos. Marco não foi capaz de dar conta de um recado tão exigente, Nuno Assis falhou passes a mais. Quando o jogo começou a doer, a maior consistência leonina veio ao de cima.

João Pinto quase abriu o activo, após um passe de Rui Jorge. A barra adiou um golo que chegou poucos minutos depois. Também pela cabeça do melhor jogador em campo. O intervalo chegou com uma vantagem justa, mas ainda pouco definidora, da equipa lisboeta. Interessava saber como iria reagir o Guimarães. Mas o Sporting transpirava tranquilidade. O golo resolveu o único grande problema dos leões - a concretização. Agora, só uma falha inesperada obrigaria os visitantes a um esforço complementar. Tiago, numa noite atenta e inspirada, nunca deixou que isso acontecesse.

Apesar da generosidade vimaranense, que nunca deixou de acreditar no empate, a verdade é que acabou por ser o Sporting quem esteve mais perto do aumentar para 2-0. Os leões não deslumbraram, jogaram apenas o q.b., mas venceram com toda a justiça. Afinal de contas, quem tem João Pinto corre sempre o risco de ganhar.

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