Treinador do Guimarães desmistifica mau arranque Uma conversa franca, com visão nítida de todos os pensamentos e argumentos que lhe parecem suficientemente fortes. Autuori enfrenta os jornalistas com a tranquilidade de sempre, defende o grupo que comanda e reassume críticas aos juízes. «A arbitragem está uma merda», garante.
Paulo Autuori voltou hoje a falar aos jornalistas. O treinador recusou a ironia, preferindo a frontalidade. O empate em Leiria não foi «ruim», porque «estes são sempre jogos difíceis», começou por explicar, rebatendo a ideia de que não existem motivos para o grupo de trabalho «estar abatido». Alertando para o facto de «o campeonato ainda não ter acabado», só admite «falar em frustrações na última rodada do campeonato. Aí vamos ver como as coisas estarão. Em termos pontuais estamos muito aquém dos resultados que queremos, essa é a realidade, mas estamos vivos e conscientes que temos de melhorar».
Numa dissecação ao empate em Leiria (1-1), o técnico brasileiro defendeu que «uma equipa um pouco mais moralizada naquele jogo teria ganho por dois golos», mas como o Vitória «ainda não está a produzir aquilo que pode, a fronteira entre o negativo e o positivo em termos de resultado é muito ténue».
Apesar das vitórias tardarem em aparecer, Autuori mostra-se «tranquilo». «Sou um tipo que gosta da vida, que acredito nas pessoas e espiritualmente tenho de estar forte. Preciso de liberdade para ser aquilo que sou. Não quero entrar no sistema do futebol, nos clichés ou em situações estereotipadas. Não gosto de ganhar de qualquer maneira, não gosto disso».
Defensor intransigente do grupo de trabalho, esta semana impediu o avançado Maurílio de marcar a grande penalidade que viria a ser convertida por Lima (1-0 em Leiria). Como na passada semana o brasileiro tinha falhado contra o Beira Mar um castigo máximo, este domingo, quando se aprestava para converter o penalty, o técnico brasileiro deu prontamente indicações para o relvado para que fosse Lima a marcar. «Os dois convertem muito bem, mas numa fase destas não se pode falhar. Ele pegou a bola para marcar, mas não deu», explicou Paulo Autuori.
«A arbitragem está uma merda»
O plantel vitoriano, fustigado por cartões amarelos e vermelhos, adia jornada a jornada o reencontro com as vitórias e com os pontos que possam traduzir um lugar classificativo condizente com os pergaminhos do clube.
Na temporada passada a formação vitoriana foi considerada a equipa fair-play e Soderstrom, por exemplo, não tinha sido expulso uma única vez. Esta época, no entanto, o sueco já foi admoestado três vezes com o cartão vermelho em nove jornadas.
Serão excessos dos jogadores, dos árbitros ou perseguição ao clube? Analisando as duas recentes cartolinas encarnadas exibidas em Leiria, Autuori refere que «a expulsão de Lima é ridícula e quem expulsou o Soderstrom foi a pressão exercida sobre o fiscal de linha». Para o técnico brasileiro não há dúvidas: «as expulsões abatem, prejudicam e desmoralizam a equipa», argumentando que «existem jogadores privilegiados dentro do campeonato português e outros que são mal vistos».
Quanto aos árbitros, recalca o discurso proferido nas semanas anteriores. «Faltam directrizes. Veja-se a quantidade de casos que já existiram em nove jornadas. É preciso que os árbitros criem um nível de uniformidade em relação aos critérios e sejam responsabilizados», disse, indo mais longe: «Nunca disse que perdemos por causa da arbitragem. Agora fomos prejudicados em cinco jogos e tenho o direito de dizer que a arbitragem está uma merda».
O técnico vitoriano acrescenta ainda «não quer perder o bom senso, principalmente num momento difícil», assegurando não procurar qualquer tipo de «justificação», mas, «não quer ser beneficiado hoje, para ser compensando pelo prejuízo de ontem».
Rogério Matias e Pedro Mendes garantem titularidade
O técnico brasileiro comentou o regresso do médio Preto ao plantel, referindo ter sido «uma situação idêntica à de Fredrick» que esteve para sair no início da época, «por isso dei o meu aval», sustentou.
Da conversa mantida com Paulo Autuori ficou-se a saber que só não antecipa a onze titular aos jornalistas «quando tem dúvidas sobre as escolhas». De resto, o médio Pedro Mendes chamado ao onze titular em Leiria, substituindo o sueco Soderstrom, garantiu a titularidade na próxima jornada. Autuori destacou que o internacional português «está a treinar muito bem» e é um jogador que «aprecia bastante». «Procurou fazer aquilo que lhe foi pedido e vou mantê-lo na equipa», assegurou, pronunciando-se também «favoravelmente» sobre a boa prestação do defesa-esquerdo Rogério Matias, que ganhou a titularidade a Geraldo.
Sobre algum reajustamento do plantel em Dezembro (período em que reabre o mercado), Paulo Autuori fintou a questão: «novidades em Dezembro? Antes costumava dizer-se que o treinador não comia o bacalhau do Natal no clube, mas agora a situação foi um pouco alterada. Os jogadores também se têm de preocupar com esse mês», referiu em jeito de brincadeira.
Paulo Rúben já treinou
Quanto ao plantel vitoriano, regressou hoje aos trabalhos, com um treino tecnico-táctico. Os jogadores efectuaram peladinhas e um treino de conjunto.
Registe-se o regresso aos treinos de Paulo Rúben. O defesa irá integrar-se de forma progressiva, depois de ter estado afastado cerca de um mês dos relvados, tendo sofrido um estiramento do ligamento interno do joelho esquerdo no amigável com o Freamunde.
O defesa William não treinou, sendo o único caso que exige maiores atenções do departamento médico. Por outro lado, Paulo Autuori já deu o seu aval para que o pedido de despenalização de Soderstrom e Lima siga para a Comissão Disciplinar da Liga. Amanhã o plantel só realiza um treino, da parte da manhã.
