Covid-19: Cuba já vacina crianças com apenas dois anos e a campanha é um sucesso

2 fev 2022, 11:03
Crianças na escola

País está a ter consequências menos graves no surto da variante Ómicron

Cuba tornou-se o primeiro país do mundo a vacinar as crianças com apenas dois anos de idade contra a covid-19 e, de acordo com os dados do Ministério da Saúde Pública cubano, divulgados pelo The Guardian, mais de 95% da população dos dois aos 18 anos já foi totalmente vacinada no país.

"Embora a covid-19 atinja as crianças com menos gravidade, elas são um fator importante na transmissão", justifica Gerardo Guillén, investigador principal da Abdala, uma das vacinas produzidas em território cubano.

E aparentemente está a ser um sucesso: de acordo com o especialista, a vacinação infantil, uma das maiores taxas de vacinação contra a covid-19 do mundo e a alta imunidade de grupo após um enorme pico da variante Delta no verão passado, contribuíram para taxas de infeção significativamente mais baixas em Cuba do que nos Estados Unidos e na Europa durante a vaga da Ómicron.

Com uma grande confiança no serviço de saúde público, a maioria dos cubanos confia nas vacinas e a inoculação de crianças pequenas é amplamente vista como senso comum.

"As crianças são vacinadas assim que nascem", começa por dizer Ania Ramírez, de 33 anos, enquanto recolhe o filho Fábio, de cinco anos, com a vacinação completa. "Se ele já tem as outras vacinas todas, porque é que não teria esta?".

As idades de vacinação contra a covid-19 têm vindo a diminuir em todo o mundo: a Organização Mundial da Saúde recomendou que, se já tiverem sido alcançados altos níveis de vacinação na população adulta, os países devem considerar a inoculação de crianças a partir dos cinco anos com a vacina Pfizer/BioNTech. Contudo, o Chile e os Emirados Árabes Unidos já estão a vacinar crianças de três anos.

Mas alguns países contrariam esta tendência: a agência de saúde sueca decidiu na semana passada não recomendar a vacinação contra a covid-19 a crianças com menos de 11 anos, argumentando que não há "benefícios claros".

O (pouco) que ainda se sabe sobre as vacinas cubanas 

Jon K. Andrus, ex-diretor regional do programa de imunização da Organização Pan-Americana da Saúde e professor de saúde pública da Universidade George Washington, disse ao The Guardian que, embora os cientistas cubanos "façam vacinas de boa qualidade", teme ver crianças vacinadas antes de ter mais informações.

“Nenhum dos resultados foi publicado em plataformas revistas por pares, por isso é difícil discutir”, disse o professor.

As vacinas produzidas em Cuba, explica o professor, são baseadas numa plataforma "que é usada há décadas contra o tétano": "É uma ótima tecnologia, mas precisamos dos dados porque pode haver um efeito secundário inesperado para esta doença".

Já os cientistas cubanos dizem que os testes da fase I e II das vacinas Soberana 2 e Soberana Plus foram realizados em 350 crianças entre os três e os 18 anos e não encontraram efeitos secundários graves. Os dados do estudo, adiantam, foram enviados para revistas de revisão por pares e aguardam publicação. Também as autoridades de saúde dizem que, nas próximas semanas, todos os dados dos testes serão enviados à Organização Mundial da Saúde, à medida que solicitam aprovações de exportação.

Relacionados

Covid-19

Mais Covid-19

Mais Lidas

Patrocinados