Técnico do U. Leiria agastado com Isidoro Rodrigues Treinador do Leiria opta pela ironia: «Tenho idade para perceber que às vezes tem de ser assim».
Manuel Cajuda, técnico do U. Leiria, fez um grande esforço para moderar as declarações que prestou na sala de Imprensa, após a derrota com o Benfica. Aparentando calma, o treinador dos leirienses explicou um estado de espírito que, viria a perceber-se depois, era marcado por uma revolta contida: «Tenho idade e anos de futebol suficientes para perceber que as coisas também têm de ser assim de vez em quando», começou por referir, antes de entrar na análise concreta ao jogo e à arbitragem: «Antes de mais, foi um grande jogo, entre duas equipas que jogaram para ganhar, enquanto as duas o puderam fazer. Não tivemos atitudes ultradefensivas e cometemos apenas um erro grave, que nada tem a ver com o Benfica. Não recebemos, ou não lemos, o faxe da FIFA de Viseu», afirmou, numa alusão evidente ao distrito de origem do árbitro Isidoro Rodrigues.
Passando a enumerar as razões para a sua revolta, Cajuda deteve-se nos três golos «encarnados»: «No primeiro golo, vê-se claramente o árbitro dizer aos nossos jogadores que a bola só será movimentada após o apito. Não foi isso que aconteceu. No segundo, já gastei uma boa fortuna em chamadas de telemóvel, e ninguém de entre as pessoas que viram o jogo pela televisão me consegue confirmar que foi penalty. No terceiro, como as imagens da televisão poderão mostrar, o João Paulo toca claramente na bola, e só depois o Roger bate contra as suas pernas», contabilizou.
Depois, fazendo questão de deixar claro que as suas palavras se dirigiam apenas ao árbitro e não ao Benfica, Cajuda continuou: «Tinha prometido não falar dos árbitros, mas a paciência tem limites. Não alimentem guerras com as minhas palavras, sou benfiquista e não tenho medo de assumi-lo. Mas os meus jogadores foram espoliados. Vínhamos para ganhar, e não perdemos de forma correcta. Nem me importaria de perder por quatro ou cinco, mas não desta forma», acrescentou.
A finalizar, Cajuda elogiou a sua equipa e deixou no ar uma ideia amarga, em relação ao decorrer do campeonato: «Estou orgulhoso dos meus jogadores. Viemos para ganhar, como o demonstra o facto de não termos jogado com três centrais diante de dois pontas-de-lança. É essa a nossa atitude, é isso que vamos continuar a fazer e por certo vamos ganhar sempre que não surgirem obstáculos que nos deitem pela borda fora. Esta noite, não foi o U. Leiria que envergonhou a Superliga portuguesa», concluiu.
Refira-se que antes, em declarações às rádios, ainda no relvado, Cajuda tinha já criticado duramente Isidoro Rodrigues apontando-lhe «falta de coragem» na validação do primeiro golo. «Mas isto também só dura até Dezembro», referiu, numa alusão aparente ao limite de idade do juiz de Viseu, que já completou 45 anos.
Leia ainda:
Jesualdo Ferreira: «Sofremos por culpa própria»
Bilro: «Certamente também errei passes durante o jogo»
Costinha (U.Leiria) queixa-se de ter sido induzido em erro por gesto do árbitro
A fúria telefónica do presidente do U. Leiria
Petit: «É bom para a equipa ter mais que um sistema de jogo»
