36 anos depois da catástrofe de Chernobyl, os EUA alertam: “Ninguém poderá ganhar uma guerra nuclear”

26 abr 2022, 23:00
A central desativada de Chernobyl foi tomada pelas forças russas no início da invasão da Ucrânia

Também a União Europeia alertou para o perigo de uma nova catástrofe nuclear na Ucrânia devido à ofensiva russa e apelou a Moscovo para se abster de qualquer ação contra as instalações nucleares ucranianas

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou para os perigos da utilização de armas nucleares na Ucrânia, num dia marcado pelo 36.º aniversário do desastre de Chernobyl. “Ninguém poderá ganhar uma guerra nuclear”, sublinhou.

Austin condenou as declarações do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, sobre o risco de uma guerra nuclear, considerando-as “inúteis e perigosas”.

“Ninguém quer uma guerra nuclear. Será uma guerra em que todos perdem. O barulho da retórica perigosa não ajuda e não contribuiremos para isso”, afirmou.

Horas mais tarde, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que não espera que o presidente russo, Vladimir Putin, utilize armas nucleares tácticas na Ucrânia, caso o exército russo seja confrontado com a ausência de conquistas militares na Ucrânia. 

Em declarações ao canal Talk TV, Johnson disse acreditar que Putin tem espaço político suficiente no seu país para recuar e ordenar os seus tropas a sair da Ucrânia.

UE alerta para perigo de nova catástrofe nuclear

Também a União Europeia alertou para o perigo de uma nova catástrofe nuclear na Ucrânia devido à ofensiva russa e apelou a Moscovo para se abster de qualquer ação contra as instalações nucleares ucranianas.

"A agressão ilegal e injustificada da Rússia na Ucrânia coloca mais uma vez em risco a segurança nuclear no nosso continente", sustentaram, num comunicado conjunto, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, e a comissária europeia para a Energia, Kadri Simson.

As forças russas na Ucrânia controlam a central nuclear de Zaporijia, no sul do país e a maior da Europa, e que foi alvo de tiros de artilharia, no início da invasão de Moscovo, que originaram um incêncio e fizeram temer uma nova catástrofe nuclear, 36 anos após a de Chernobyl.

"Nível de radioatividade anormal"

Nesta central, segundo declarações do responsável da Agência Internacional da Energia Atómica, Rafael Grossi, foi esta terça-feira medido um nível de radioatividade mais elevado do que o habitual.

“O nível de radioatividade é, diria, anormal”, declarou Grossi, sem adiantar valores, garantindo que a agência monitoriza Chernobyl quotidianamente.

A Ucrânia tem 15 reatores nucleares em quatro centrais elétricas em funcionamento, além de depósitos de resíduos, como é o caso da central de Chernobyl, que foi desativada depois do desastre de 1986.

Recorde-se que um reator da central nuclear de Chernobyl explodiu em 1986, contaminando grande parte da Europa, mas especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia, que integravam a URSS. Denominada zona de exclusão, o território num raio de 30 quilómetros em redor da central ainda está fortemente contaminado e é proibido viver lá permanentemente.

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