"Quer pôr-se no lugar dela e aprender como se deve tratar as pessoas?" Cliente que atirou prato de comida a empregada condenada a trabalhar dois meses num restaurante de fast food

CNN , Chris Isidore
9 dez 2023, 09:00
Uma cliente que atirou um prato de comida à cara de um empregado da Chipotle em setembro foi condenada a trabalhar na indústria de fast food durante dois meses.
Luke Sharrett/Bloomberg/Getty Images/FILE

"Sempre que vemos o vídeo, ficamos cada vez mais perturbados", disse o juiz de um tribunal do Ohio, nos Estados Unidos. "E pensei: 'Que mais posso fazer em vez de a deixar na cadeia?'"

Uma mulher que atirou um prato de comida quente à cara de uma empregada da Chipotle, nos Estados Unidos, foi condenada a um mês de prisão - e a dois meses de trabalho num restaurante de fast food.

Os vídeos da mulher, Rosemary Hayne, a repreender a funcionária da Chipotle, Emily Russell, em 5 de setembro, e a atirar-lhe a comida à cara, tornaram-se virais após o incidente. Hayne, de 39 anos e mãe de quatro filhos, declarou-se culpada de um delito de agressão e recebeu a sentença na semana passada no tribunal municipal de Parma, Ohio. O juiz Timothy Gilligan deu-lhe a possibilidade de escolher entre uma pena de prisão de 90 dias ou uma pena de 30 dias, além de 60 dias de trabalho como empregada de restaurante de fast food.

"Quer pôr-se no lugar dela durante dois meses e aprender como se deve tratar as pessoas, ou quer cumprir a sua pena de prisão?" perguntou Gilligan a Hayne na audiência.

"Gostaria de me pôr no lugar dela", respondeu Hayne.

Hayne ainda não encontrou o emprego, segundo o juiz e o seu advogado disseram à CNN na quarta-feira. O advogado Joseph O'Malley lembrou que a sua cliente não tinha antecedentes criminais antes do incidente e que está verdadeiramente arrependida das suas ações nesse dia.

"Vamos dar-lhe a oportunidade de não deixar que este dia defina o resto da sua vida", pediu em declarações à CNN.

O juiz explicou que Hayne terá de ter o seu emprego aprovado pelo tribunal, e terá de trabalhar lá 20 horas por semana. O'Malley acrescentou que Hayne está desempregada atualmente.

Gilligan contou à CNN que pensou na possível sentença invulgar alguns dias antes da audiência de novembro.

"Sempre que vemos o vídeo, ficamos cada vez mais perturbados", disse. "E pensei: 'Que mais posso fazer em vez de a deixar na cadeia?'."

Questionado sobre se gostaria de contratar Hayne se tivesse um restaurante de fast food, o juiz não acredita que ela possa ter problemas para encontrar o emprego.

"Não a vejo como um risco maior do que qualquer outra pessoa que entre num restaurante. Eu vi-a como alguém que perdeu a calma", considerou.

Gilligan disse que é a primeira vez que pronuncia este tipo de sentença, mas infelizmente não é o primeiro incidente deste género que lhe é apresentado. Contou que houve um caso, há alguns anos, em que um cliente que não recebeu uma bolacha num Happy Meal de um McDonald's atravessou a janela do drive-thru e começou a esmurrar um funcionário. O arguido foi condenado a 90 dias de prisão, recordou.

"Vejo estes casos mais do que quero", lamentou Gilligan, que é juiz há 30 anos.

Solicitada a comentar o caso, a Chipotle respondeu que "a saúde e a segurança dos empregados são a maior prioridade": "Estamos satisfeitos por ver a justiça ser feita a qualquer indivíduo que não trate os membros da nossa equipa com o respeito que merecem."

Rosemary Hayne recusou um pedido de entrevista. Já a empregada Emily Russell disse ao tribunal que ainda está a lidar com o stress do incidente e que deixou o trabalho na Chipotle após o ataque e encontrou outro emprego. Disse que gostaria de começar a receber aconselhamento para lidar com o trauma que ainda está a sentir devido ao ataque.

Um dos amigos de Russell iniciou um esforço de angariação de fundos nas redes sociais e angariou 7.300 dólares até agora, com a maior parte desse dinheiro a chegar desde as primeiras notícias sobre a sentença de Hayne na semana passada. Russell disse à WJW em Cleveland que estava satisfeita com a sentença de Hayne.

"Ela vai ter o que merece", disse à estação. "Não recebeu uma palmada no pulso. Ela vai aprender a trabalhar em fast food, e espero que seja bom."

Para além da pena de prisão e do tempo passado a trabalhar em fast food, Hayne terá de pagar uma multa de 250 dólares e ficará em liberdade condicional durante dois anos. Gilligan disse à CNN que não tem a certeza de que Hayne esteja tão arrependida como afirmou em tribunal, salientando que ela ainda se estava a queixar da comida durante a audiência.

"Ela ainda não percebeu que isto não é apropriado", indicou Gilligan à CNN.

"Não recebeste o teu prato como gostas e é assim que respondes?", disse ele a Hayne durante a audiência. O juiz sugeriu depois que ela não vai ficar satisfeita com a comida que está prestes a receber na prisão.

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