Uma Lixa quase abrasiva O Guimarães melhorou substancialmente com a entrada de Lixa, um criativo velocista, muitas vezes imparável para os defesa, quase sempre anulado por um guarda-redes inspirado, que continua a impressionar semanalmente. Os melhores de um jogo em que Castanheira também sobressaiu e Geraldo confirmou que não se dá bem a defesa-esquerdo.
Pé esquerdo de congeminações constantes, imune a inocências ou gestos descomprometidos. Castanheira corre para o perigo, em dribles curtos indetectáveis e perfumados, que provocam a tontura de quem lhe tenta barrar a passagem. Jogou ao lado de Tiago, com o mesmo empenho defensivo do companheiro, mas com maior preponderância atacante, completando com imaginação suplementar as intermitências de Edmilson, o mago supremo do Braga. A habilidade, por outro lado, concede-lhe o direito a marcar a maioria das bolas paradas que não requerem remate pronto.
Lixa
Entrou a tempo de mexer, de puxar os companheiros pelo braço na tentativa desenfreada de alcançar o sucesso. As fintas, consecutivas e sem chuteira favorita, conceberam as jogadas mais bonitas do Vitória, em desenhos complexos, aos zigue-zagues, que desbravavam uma floresta de pernas e o deixavam em posição de remate, próximo de diabruras que colocavam Quim em atenção máxima. Em duas ocasiões, foi mesmo o guarda-redes do Braga a negar-lhe o direito a festejar e pular nos braços dos companheiros. Aproxima-se do ritmo diabólico que o notabilizou.
Quim
Culminou uma semana em que foi pai e renovou pelo Braga com nova exibição de patamares elevados, provando que é, nesta altura, o melhor guarda-redes português e aquele que pode aspirar a defender a baliza da selecção. Descansou quase toda a primeira parte, mas não desatinou quando, já na segunda, nas acelerações da equipa da casa, se estirou para deixar a rede imóvel. Notável o movimento aos 63 minutos, a impedir que Evando, acabadinho de entrar no jogo, marcasse. A cabeçada do brasileiro foi decidida, mas o voo do guarda-redes foi ainda mais fabuloso. Minutos mais tarde, travaria um diálogo muito especial com Lixa, do qual sairia vencedor.
Geraldo
Desenquadrado, preso nos próprios movimentos, confundido pela própria tarefa. A adaptação a defesa-esquerdo devia traduzir-se num apoio constante ao ataque, numa corrida única entre as duas linhas de fundo. Sempre no limite. Sempre para equilibrar atrás e desequilibrar um metros adiante. Luís Filipe estava apenas a jogar bem e exigia, quando muito, atenção constante. Geraldo convenceu-se que o adversário jogava que se fartava. E enervou-se ao primeiro lapso. Álvaro pode lamentar-se de não ter muitas soluções válidas, mas terá de, pelo menos, rever a opção. O brasileiro é jogador de outros terrenos.
