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Jornalista francês denuncia pedófilos após reportagem

Redação , CF
7 abr 2010, 10:59
Sala de atendimento do Instituto de Medicina Legal de Lisboa (André Kosters/LUSA)

O caso está gerar polémica em França. Em causa está a protecção das fontes jornalísticas

Onde começa o jornalista e acaba o cidadão? Na certeza, Laurent Richard, cidadão e jornalista francês, terá feito essa pergunta à sua consciência antes de tomar a decisão de revelar à polícia o nome dos pedófilos que participaram na sua reportagem.

Esta terça-feira, o canal France 2, no programa «Les Infiltrés» («Os Infiltrados»), passou uma reportagem sobre pedófilos. Laurent Richard, que é também chefe de redacção do programa, levou um ano a preparar a peça. Fez-se passar por «Jessica», uma menina de 12 anos para conseguir o contacto, e filmou tudo com câmara oculta. Fingiu ainda ser um pedófilo para entrar em contacto com redes que trocam imagens de pornografia infantil.

Entre os relatos que Richard filmou há um empresário de 35 anos que admite abusar da filha de cinco anos. Laurent Richard, o jornalista, protegeu as suas fontes. Na reportagem as vozes dos entrevistados foram alteradas e seus rostos não aparecem.

Jornalista e polícia ou só jornalista?


Mas, terminado o trabalho, Laurent Richard, cidadão, pegou nos nomes dos alegados criminosos e entregou-os à polícia, o que valeu já a detenção de 22 pedófilos. Fez bem ou mal?

Richard, de consciência tranquila, defende-se dizendo que fez «o que todo cidadão deve fazer»
em razão da «gravidade dos factos» descobertos. «Quando detemos informações que podem impedir tentativas de corrupção de menores ou o estupro de crianças, é normal levar o caso à polícia», afirma.

Do seu lado terá a lei francesa que define como cúmplice qualquer testemunha de actos criminosos contra crianças, mas não grande parte dos jornalistas. O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Jornalistas franceses, Dominique Pradalié, afirmou «estar escandalizado». Argumenta que «os jornalistas não devem divulgar suas fontes»
.

Já o presidente da agência que produziu a reportagem, Hervé Chabalier, disse que existem circunstâncias excepcionais que obrigam os jornalistas a abrir excepções em relação à protecção das fontes. Mais uma vez, a lei está deste lado, entendendo que um juiz pode ordenar a divulgação das fontes.

O programa «Les Infiltrés», magazine de investigação, tem gerado polémicas ao longo da sua existência, desde logo pelo uso sistemático de câmaras ocultas.

Uma discussão entre o bem e o mal ou só entre o que está certo e errado?

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