Nos EUA, há um comediante candidato à Casa Branca. E cá? Seria possível?
Stephen Colbert é um dos comediantes mais conhecidos nos EUA. Num dos seus últimos programas, deixou os telespectadores suspensos entre a ficção e a realidade, ao anunciar que pretende concorrer à presidência norte-americana. O humorista não confirma nem desmente se a sua personagem vai mesmo estar na corrida à Casa Branca. Mas já tem especialistas no terreno. Num exercício de curiosidade, o PortugalDiárioMiguel Góis, um dos quatro Gatos
E os Gato Fedorento seriam capazes de fazer o mesmo em Portugal? «Em relação a nós fazermos isso, eu, pessoalmente, não gostava, porque estou com o peso ideal e se o fizesse era natural que engordasse. Isso acontece com todos os que entram para a política e era desagradável, porque estou bem como estou», gracejou Góis, dizendo que «não é algo que esteja nos planos» do quarteto. Pelo menos para já.
Sem abrir a porta à possibilidade, deixou perceber, porém, que o edifício das imprevisibilidades humorísticas tem muitas janelas, e algumas podem abrir-se. «É possível que um dia a gente faça isso. Pode ser muito engraçado e ao mesmo tempo muito interessante do ponto vista político e humorístico. Não está nos nossos planos, mas não coloco isso fora de hipótese».
Já José Diogo Quintela mostrou-se mais céptico, quer em relação ao peso ideal do seu colega, «tem um corpo ridículo, deveria ter mais seis ou sete quilos de músculo», quer relativamente a uma eventual candidatura a Belém, que admite que «até poderia ter» potencial humorístico, recordando que «algo de semelhante já foi feito por Manuel João Vieira». «Acho que o mais alto cargo da nação devia estar vedado a palermas como nós. Deveria haver uma adenda à constituição, além da imposição dos 35 anos», voltou a gracejar.
«Humor como arma política»
Políticos ou não, o tema é recorrente nos sktechs
Miguel Góis realçou que «por se ser humorista não quer dizer que não se tenha intenções sérias em relação a outras matérias», admitindo que por vezes os políticos sentem-se intimidados por estas intromissões, como é o caso dos elementos democratas e republicanos, nos EUA, que acolheram com desagrado a possibilidade da intenção de Colbert poder ser mais do que uma simples brincadeira televisiva.
«Quando foi o Schwarzenegger ninguém se sentiu intimidado. O facto de ser um humorista intimida os políticos, na medida em que traz para a arena política um elemento que não estava presente que é a possibilidade de satirizar o adversário e usar o humor como arma politica», disse.
Quintela, por outro lado, enquadrou de forma mais apertada a repercussão política dos seus sketchs
E se ainda não existe qualquer cargo político «vedado a palermas», há algo que Miguel Góis confessa em nome do grupo: «É muito mais confortável para nós estarmos do lado de fora a satirizar do que passar para o lado de lá. Deve ser complicado estar do lado de lá. Nós gostamos de coisas bem fáceis».