A marca de um Zorro português, e de um FC Porto à-Porto

7 dez 2017, 13:30
Paulo Fonseca (Reuters)

Duas qualificações que merecem aplausos.

Primeiro, Paulo Fonseca.

Não se trata ainda da melhor prestação do Shakhtar Donetsk na Liga dos Campeões, por culpa dos quartos de 2010-11 perdidos para o Barcelona, mas uma qualificação num grupo que tinha Manchester City, Nápoles e Feyenoord tem de ser sempre motivo de aplauso.

No início da década, os ucranianos viviam um dos seus melhores momentos. Foram primeiros num grupo com Arsenal, Sp. Braga e Partizan, e eliminaram a Roma nos oitavos com dois triunfos, antes da capitulação frente ao futuro campeão europeu.

Este ano, perante o grande candidato ao título em Inglaterra, uma das melhores equipas italianas, também ela a sonhar com o scudetto, e o campeão holandês, apurou-se na segunda posição, batendo pela primeira vez na temporada o conjunto – já apurado e em gestão sim, mas igualmente recheado de qualidade – de Pep Guardiola. Um feito, que levou o técnico português a festejar, com máscara de Zorro e tudo, na sala de imprensa.

Fonseca está em clara fase de ascensão na carreira, consolidando ideias que apenas não vingaram no Dragão. O treinador tem provado nestes anos que é possível recuperar do fracasso, sobretudo de alguns que, como este, surgem ainda quando as competências ainda não estão completamente estruturadas, e há alguma inexperiência à mistura.

O tempo o confirmará, mas o técnico irá certamente voltar a ter uma oportunidade num grande. Seja português ou não. Paulo Fonseca já deu a volta.

A seguir, o FC Porto.

Não está no ADN do FC Porto falhar em momentos decisivos, embora os últimos anos tenham-no mostrado com alguma frequência. Depender de si na última jornada da Liga dos Campeões é, no Dragão, tal como era nas Antas, prenúncio de que a equipa vai corresponder. À sua frente, um campeão francês debilitado, em reconstrução, já sem objetivos e com algumas estreias, mas que em nada dilui a competência dos portistas. Os oitavos de final estão garantidos com todo o mérito por um FC Porto à-Porto. 

O destino dos monegascos começou a ser traçado precisamente pelo FC Porto, no Principado. Além de complicar a vida dos franceses, que ficaram com um ponto em dois jogos, anulou de certa forma a derrota perante o melhor Besiktas em muitos anos, e catapultou a equipa azul e branca para a recuperação na competição.

Depois de três empates seguidos, e com o nulo no clássico, o FC Porto voltou a saber responder da melhor forma. Se para o Benfica a Liga dos Campeões tem servido um pouco como kryptonite, os portistas têm-na usado como elixir para o que se segue. Para já, um dos primeiros objetivos da época está garantido, e com brilhantismo.

Depois, Cristiano Ronaldo.

A época do Real Madrid e do próprio Ronaldo não está a ser fácil, mas o português tem conseguido manter a relação com o golo na Liga dos Campeões. Marcou mais um, e bem bom por sinal, frente ao Dortmund, e tornou-se o primeiro a faturar em todas as jornadas da fase de grupos.

A Bola de Ouro da France Football parece que não lhe irá fugir, e com toda a justiça.

Por fim, o Sporting.

Já o escrevi e disse antes, o Sporting foi eliminado da Liga dos Campeões, garantindo a passagem à Liga Europa como cabeça de série, e não pode haver outro sentimento do que o de missão cumprida. Ter lutado até à última jornada é, só por si, um feito de assinalar.

Se a nível europeu, num grupo de grande dificuldade, a vitória é inevitavelmente moral, Jorge Jesus pode extrair dos resultados a confirmação da qualidade do grupo e direcioná-la não só para a segunda prova da UEFA, mas ainda para um campeonato que está praticamente obrigado a conquistar, depois de tantas apostas feitas.

Em primeiro na classificação da Liga, com a possibilidade de chegar longe na Liga Europa e nas taças nacionais, a época continua em velocidade de cruzeiro para os lados de Alvalade. Bons sinais para o futuro.

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