Rui Jorge consciente dos perigos

22 jun 2000, 19:32

«Procurar desesperadamente o golo pode dar problemas» O defesa português está optimista, mas sabe que a Turquia é uma selecção perigosa. Ainda assim, diz que esta é a altura certa para os jogadores portugueses serem campeões da Europa...

ERMELO - Rui Jorge, o jogador português que compareceu na conferência de imprensa após o treino desta quinta-feira, está francamente optimista para o jogo com a Turquia, mas aborda-o com grandes cautelas. 

«Não há favoritismo para qualquer dos lados. Em termos de hipóteses é um 50/50», declarou o defensor português, vincando melhor a ideia: «É natural que a sucessão de bons resultados aumente a nossa confiança, mas isso não é sinónimo de facilidades. Não vamos cair no erro de facilitar as coisas à Turquia.» 

Francamente à vontade diante de repórteres portugueses e estrangeiros, Rui Jorge anteviu um jogo «muito táctico» e avisou que «procurar desesperadamente o golo pode trazer problemas, como a Turquia demonstrou contra a Bélgica». 

«Eles saem muito bem para o contra-ataque e exploram os espaços concedidos pelo adversário. Atendendo às características da Turquia, é provável que as coisas não nos saiam com a naturalidade que demonstrámos contra a Alemanha, por exemplo», acrescentou o lateral-esquerdo. 

«Altura ideal para sermos campeões» 

A sucessão de avisos está longe de significar que os portugueses estão com medo da Turquia. O lado optimista da conversa de Rui Jorge é revelador: «Nós também temos espírito de luta e de sacrifício. A nossa equipa tem condições para assumir as despesas do jogo seja contra quem for.» 

Um jornalista estrangeiro perguntou a Rui Jorge se desta vez Portugal passará das promessas. O defesa do Sporting foi claro: «Estamos prontos para ganhar! Estes jogadores têm a maturidade necessária e esta é a altura ideal das nossas carreiras para sermos campeões.» 

Mesmo assim, Rui Jorge aponta outro favorito à vitória final: «A Holanda é muito criticada, mas nas alturas certas consegue sempre exibir-se ao melhor nível. Além disso, tem um estilo que me agrada.» 

O encontro com a Alemanha encerrou diversos significados. A célebre questão de Portugal ter actuado com uma selecção de segunda linha foi prontamente dissecada por Rui Jorge: «Não é nenhuma banalidade cada um dos 22 dizer que tem qualidade para jogar. Apesar das apreciações da imprensa, nenhum de nós se sente mais jogador depois de ter ganho à Alemanha. Repito que não há exagero quando afirmamos que queremos ser titulares. No meu caso particular, o Dimas esteve muito bem nos primeiros jogos. Cabe ao treinador decidir quem joga e a mim trabalhar para que ele opte por mim...» 

Os 3-0 ao campeão da Europa em título são recordados com alegria pelo defensor luso: «A partir de certa altura a pressão era quase inexistente. À medida que o tempo passava e as coisas nos corriam bem, tornou-se simples tirar prazer daquilo que gostamos de fazer, que é jogar futebol.» 

«Comparações com o Brasil não me incomodam...» 

Têm surgido amiúde referências a Portugal como «o Brasil da Europa». Rui Jorge gracejou primeiro - «É natural, fomos nós que os descobrimos o Brasil!» - e admitiu depois que «é uma comparação que pode fazer-se, pois ambas as equipas têm uma abordagem muito tecnicista do jogo». 

«Portugal, ainda assim, tem um futebol mais agressivo. Para falar verdade, a comparação não me incomoda nada...», acrescentou. 

A selecção nacional está em alta em várias sondagens através das quais se procura saber que equipa agrada mais ao público em termos de qualidade futebolística. Rui Jorge assinala que «isso é agradável» e defende que o facto se deve «à popularidade de muitos jogadores que actuam nos melhores campeonatos europeus». 

A finalizar, o lateral português destacou como positivo o facto de este estar a ser um Europeu de farta produção ofensiva: «Sou defesa, mas gosto de atacar e marcar golos. Ainda bem para o espectáculo que está a ser assim. Acho que algumas medidas de arbitragem também têm contribuído para o aumento do número de golos.»

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