Modéstia, realismo e coragem, aconselha Rui Caçador

22 jun 2000, 20:53

Está dada a receita para os quartos-de-final Rui Caçador, adjunto de Humberto Coelho, destaca a qualidade turca num discurso anti-euforia. Favoritismos? Nem vê-los: «Quem se assume favorito após a primeira fase corre o risco de fazer já as malas.»

ERMELO - Rui Caçador, adjunto de Humberto Coelho, é assim mesmo: se sente Portugal de alguma forma subjugado, responde na mesma moeda, como fez antes do jogo com a Inglaterra para o qual a selecção partia como não-favorita. Se, pelo contrário, percebe que há euforia no ar, trata de colocar travão. A fundo. 

À partida para o desafio com a Turquia, depois de uma primeira fase perfeita, é urgente refrear ânimos. Tal como Rui Jorge, o outro interlocutor do dia com a imprensa (ver peça à parte), Rui Caçador interpreta o sentimento do grupo de trabalho português e deixa sérios avisos quanto aos perigos que espreitam Portugal. 

«A Turquia é equipa de grande nível, que está a colher os frutos de um excelente trabalho de formação. Esse trabalho levou-os a serem campeões da Europa de sub-18 e sub-16, sempre à custa de Portugal. Além disso, o futebol turco deu-nos o último vencedor da Taça UEFA, o que é outro argumento a ter em conta», declarou o adjunto da selecção nacional. 

Proibido falar de táctica 

À medida que se aproxima a hora do jogo, cresce a curiosidade sobre o «onze» e o esquema de jogo a apresentar por Humberto Coelho. 

Rui Caçador recorre à ideia anterior para justificar o secretismo adoptado pelos responsáveis técnicos: «Pelos perigos que a Turquia representa e pelo respeito que nos merece o adversário, vamos falar o menos possível sobre o que faremos no sábado. Desculpem, mas interessa-nos definir a estratégia o mais perto possível da hora do jogo.» 

Na mesma linha de actuação, Caçador desvalorizou as interrogações em torno da utilização de Sérgio Conceição - «é uma falsa questão» - e revelou que «a equipa só será dada a conhecer aos jogadores a hora e meia do início do jogo». 

Para contrariar os argumentos turcos, o treinador português só vê uma possibilidade: «Teremos que ser modestos, realistas e corajosos. Se algum destes aspectos falhar, vamos ter muitos problemas.» 

Cedo para favoritismos 

Falou-se de favoritismos com Rui Caçador. Primeiro em relação ao encontro com a Turquia, depois no que respeita ao próprio Europeu. O treinador português recusou liminarmente os dois. 

«Esta equipa tem experiência suficiente para fugir a essas tentações. Somos tão favoritos como a Turquia», disse em relação ao próximo compromisso. 

No que toca à vitória final, Caçador mosotru-se ainda mais incisivo: «Quem se assume como favorito logo após a primeira fase corre sérios riscos de fazer as malas já nos quartos-de-final! A nossa qualificação demonstrou o valor destes 22 jogadores e as coisas serão cada vez mais difíceis para os nossos adversários, mas agora só podemos pensar na Turquia.» 

«Mantemos uma bela relação com a federação turca, assente nos nossos projectos de formação, e por isso sabemos que têm o mesmo direito que nós de pensar em ir o mais longe possível», acrescentou. 

Perigo além de Sukur 

Hakan Sukur é o perigo público número um, dizem as estatísticas. Será? Rui Caçador relativizou a influência do ponta-de-lança afirmando que «as equipas turcas têm um modelo de jogo muito definido, no qual há dois/três jogadores de grande qualidade por detrás da figura mais conhecida». 

Por esta razão, sublinhou, «mais do que destacar um ou outro jogador, há que registar com agrado que o apuramento da Turquia é a prova de que a formação de jovens dá frutos». 

Rui Caçador revelou ainda que a equipa portuguesa «está preparada» para a eventualidade de um desempate por penalties, mas garantiu que prefere «evitar a todo o custo que isso suceda».

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