«Baía está a atravessar um momento difícil», diz Oliveira

24 ago 2000, 15:05

Seleccionador comenta convocatória António Oliveira comentou o facto de não ter chamado Vitor Baía à selecção, no arranque da campanha para o Mundial-2002. O seleccionador nacional fala ainda da chamada de Fernando Meira e das ausência de Secretário e Sérgio Conceição. E assume o optimismo para o primeiro confronto, com a Estónia.

António Oliveira decidiu chamar para a selecção nacional, no arranque da campanha do Mundial-2002, apenas jogadores que estejam em actividade. Essa é a explicação para a ausência mais notada, a de Vitor Baía. O capitão da selecção e recordista de internacionalizações, que vestiu 75 vezes a camisola das quinas, desvinculou-se do Barcelona e está sem clube, motivo por que não foi chamado. 

«O Vitor Baía está a atravessar um momento difícil. Não está a treinar, não está em actividade. Seria um pouco arriscado e iria contra os nossos critérios chamá-lo. Esperamos que resolva rapidamente a sua situação», afirmou Oliveira. 

A explicação é parecida para a ausência de outro jogador que tem sido chamado regularmente à selecção, o portista Secretário. «É um jogador também ele de selecção, mas não está a jogar e não estará na melhor condição física e psicológica», explicou Oliveira. O jogador, aliás, foi recebido com clara animosidade pelo público no encontro com a Lituânia do passado dia 16, que Portugal venceu por 5-1 e serviu de preparação para o jogo com a Estónia.  

Ou, ainda, para o facto de não ter sido chamado Sérgio Conceição, que saiu da convocatória anterior por lesão. «Falei com ele e ele está recuperado, provavelmente até joga hoje pelo Parma. Mas não está nas melhores condições físicas.» 

«Meira é jogador de selecção» 

A grande novidade da lista é a chamada do benfiquista Fernando Meira, que se juntará pela primeira vez à selecção nacional A. Significa, também, o regresso de jogadores do Benfica à equipas das quinas, depois da muito notada ausência na convocatória para o jogo com a Lituânia. 

Oliveira diz que Meira faz parte de um grupo de jogadores que são constantemente observados e lembra que o defesa-médio já tem 63 internacionalizações pelas equipas jovens. «É um jogador de selecção, criado nas selecções, que me parece ter um largo futuro e pode servir os interesses da selecção.» 

«O Fernando Meira faz parte de um universo de jogadores em quem nós temos concentrado a nossa atenção. Há um leque de 30 a 36 jogadores que podem ser convocados. Este lote pode ou não ser alargado no futuro», explicou Oliveira. 

O seleccionador admite que a chamada progressiva de jogadores mais jovens, como Simão e agora Meira, é uma forma de fazer uma «ponte» entre a actual geração e a futura, tendo em conta, nomeadamente, que Portugal tem já garantido o apuramento para o Euro-2004, altura em que alguns dos actuais jogadores já poderão não estar no activo.  

Mas não se mostra preocupado com o facto de a selecção ser praticamente a mesma que aquela que encontrou quando chegou pela primeira vez à selecção, em 1994: «Sabemos que temos uma base que se estruturou nos últimos anos. A base alarga-se, mas continuando a manter esse grup. Há que melhorar, tambbém, alargando este campo a um leque de jogadores que têm aparecido.» 

O objectivo para o jogo com a Estónia de 3 de Setembro é claro. «Temos que assumir o favoritismo e tentar rapidamente assumir o primeiro lugar do grupo, com uma vitória que esperamos seja contundente», observou Oliveira, alertando no entanto para o facto de notar alguma evolução no adversário: «Esta Estónia não é a mesma de 1996. Há uma transformação pela positiva.» 

Portugal está integrado no Grupo 2, que inclui ainda a Holanda, República da Irlanda, Chipre e Andorra. 

«É a vez de a selecção nacional puxar pelos clubes» 

Oliveira comentou ainda a confirmação da descida dos clubes portugueses no «ranking» da UEFA, que terá como consequência, na época 2001/2002, a perda de um lugar directo na Liga dos Campeões. Paradoxalmente, ao contrário do que acontecia há uns anos, agora é a selecção que tem melhores resultados internacionais que os clubes, como notou o seleccionador. 

«É uma responsabilidade acrescida para nós. Infelizmente para o futebol português essa é a grande realidade do momento, que só se consegue ultrapassar tomando consciência de que esta é uma situação real, e com sucessos, com conquista de pontos a nível de clubes e selecções», observou, para concluir: «Houve alturas em que os clubes puxavam pela selecção nacional, agora é a vez de a selecção puxar pelos clubes.» 

Quanto às suas visitas aos clubes da I Divisão, Oliveira diz que estão a correr bem. «Têm sido muito produtivas. É importante que ninguém esteja de costas voltadas. Queremos não só ter apoiantes, mas também pessoas que possam sugerir, dar-nos opiniões», observou, dizendo que vai alargar os contactos aos jogadores que alinham no estrangeiro e, eventualmente, aos seus treinadores: «Se tivermos a possibilidade de estabelecer relacionamento e conversa com os seus treinadores não vamos enjeitá-la.» 

A lista de 19 convocados inclui apenas dois guarda-redes, mas Oliveira informou que Jorge Silva, do Salgueiros, está de «prevenção» para qualquer eventualidade.  

Convocados: Guarda-redes - Pedro Espinha (F.C. Porto) e Quim (Sp. Braga); Defesas - Fernando Couto (Lazio), Jorge Costa (F.C. Porto), Nélson (F.C. Porto), Beto (Sporting), Dimas (Sporting), Rui Jorge (Sporting) e Fernando Meira (Benfica); Médios - Costinha (Mónaco), Vidigal (Nápoles), Paulo Sousa (Panathinaikos), Figo (Real Madrid), Rui Costa (Fiorentina), Capucho (F.C. Porto) e Simão (Barcelona); Avançados - Pauleta (Corunha), João Pinto (Sporting) e Sá Pinto (Sporting).

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