Mundo Brasil: Óscar, o «outro» grande talento do escrete

16 jun 2014, 10:30
Oscar (Reuters)

Não é só Neymar, não: este Brasil tem outro enorme craque, na arte e no potencial. O médio-ofensivo do Chelsea já brilhou com o 3-1 à Croácia, de excelente execução. Conheça-o melhor

Quem disse que este
Brasil superfavorito
ao título mundial tem só Neymar como grande talento?

O jogo de abertura da Copa, com a Croácia, no Arena Corinthians, em São Paulo, mostrou um escrete até um pouco nervoso
no início, a acusar talvez a enorme responsabilidade
do momento. Quando os croatas ameaçaram o escândalo, em vantagem 0-1, o talento canarinho demorou a aparecer, mas Neymar lá segurou as pontas, primeiro com o 1-1, depois a cobrar penálti tão duvidoso (inexistente?), no 2-1.

Só que mesmo depois da viragem, o Brasil não tinha a vitória certa. A Croácia andou perto do 2-2, o relógio demorava a avançar, os 90 minutos surgiam perto, mas para o coração brasileiro nunca mais chegavam…

Até que Óscar assinou uma obra de arte. Um golo soberbo
, na execução da jogada, na visão da oportunidade «oferecida» pelo posicionamento do guarda-redes croata. Um remate de «bico», inesperado e muito oportuno, forte e colocado. No sítio certo: 3-1

Antes ainda, no lance do 1-1, já havia sido Óscar a roubar a bola ao adversário, assistindo Neymar para o remate da Joia. Normal que muitos tenham apontado Neymar como figura do primeiro jogo do Mundial, pelos dois jogos, mas uma avaliação global da partida talvez coloque o médio-ofensivo do Chelsea com uma exibição ligeiramente acima da do avançado do Barça, na partida de arranque da Copa. 

Confiança e tática

Miguel Lourenço Pereira, autor do livro «Sonhos Dourados», com 20 histórias de 20 Mundiais, aponta, em declarações à Maisfutebol Total: «O Óscar é o jogador mais importante no esquema táctico do Brasil. Se Neymar é a estrela, o líder espiritual e o jogador que pode marcar as diferenças num determinado momento, cabe ao Óscar ser o elo de união da equipa e o pensador de jogo que este modelo de Scolari necessita para funcionar como o conjunto sólido que é».

Na mesma linha, Jessica Corais, jornalista sediada no Rio, especialista em futebol brasileiro, reforça: «O Óscar é, sem dúvida, o homem de confiança do Felipão, o maestro do Brasil. Ele não fez bons jogos contra o Panamá e a Sérvia e muito se falou de que, continuando em baixa, poderia dar espaço para o Willian. No entanto, o Felipão sempre declarou que confia no Oscar e, com a atuação diante da Croácia, ele espantou de vez a má fase e mostrou porque é considerado uma das peças fundamentais desta equipa».


APRECIE ALGUNS DOS MELHORES MOMENTOS DE ÓSCAR PELO BRASIL:




Maturidade precoce

Oscar foi para o Chelsea em 2012, vindo do Internacional de Porto Alegre e depois de ser formado no São Paulo. Desde muito cedo, deu para ver que iria ser craque.  «Ele sempre foi um jogador debaixo do radar dos olheiros porque já como adolescente demonstrava ser dono de uma maturidade invulgar e uma leitura de jogo impressionante. Com Mourinho, sobretudo, aliou a isso uma maior resistência física e inteligência a explorar as falhas do rival. A sua ascensão faz lembrar muito a do também “paulista” Kaká depois das duas primeiras épocas na Europa», observa Miguel Lourenço Pereira.

Jessica Corais, também em declarações à Maisfutebol Total, acrescenta, num outro quadro de análise: «Já dava para imaginar que ele ganharia uma chance na Seleção, mas que seria este jogador fundamental não. É interessante, porque desde o ano de 2010 muito se especulou em quem seria aquele atleta maestro do time. Foi apontado o Paulo Henrique Ganso, Lucas Moura, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, mas não o Oscar. No entanto, desde que entrou mostrou que tem um grande talento e, acima de tudo, uma enorme maturidade.»

E se não houver Óscar?

No «4x3x3» estável de Scolari para o escrete, Luiz Gustavo e Paulinho são claramente as duas unidades com maior preocupação defensiva no meio-campo e Óscar assume papel de «10», o médio-ofensivo armador de jogo para os três avançados (Hulk/Fred/Neymar). 

Quem poderia ocupar aquela função se Óscar ficar lesionado ou castigado? «Seria uma perda quase irreparável para o Brasil não contar com Óscar», avisa Miguel Lourenço Pereira. 

Para este especialista em futebol internacional, «dentro das características de jogo o perfil mais similar é o de Hernanes, mas acredito que Scolari preferirá sempre adicionar Ramires para cumprir com essa função ganhando o Brasil em presença física mas perdendo muito em capacidade de controlo do esférico»

Jessica Corais nota: «A função de armador de jogadas de ataque, com o brilhantismo que o Oscar faz, ninguém consegue substituir. O Felipão tem duas alternativas, especificamente, para a posição. A principal opção é o Willian, que possui características de pegar a bola e partir para cima. Ele entrou na vaga do Oscar diante do Panamá e da Sérvia e é o reserva mais imediato. Já uma alternativa, caso o Willian não possa atuar, é do Hernanes fazer esta função jogando mais adiantado, como armador, buscando um pouco mais a cadência da partida, mas só em último caso.»

«Felipão, já paguei o gol!»

Felipão revelou, no final da partida contra a Croácia, que disse a Oscar antes do jogo que ele lhe estava a dever um golo. Após a partida, Oscar virou-se para o selecionador brasileiro e brincou: «Felipão, já paguei o gol!».

Insubstituível? Com maturidade invulgar para os 22 anos já tão experimentados? Para Miguel Lourenço Pereira, o talentoso médio do Chelsea e do escrete pode definir-se assim: «Óscar é a perfeita definição em campo do futebolista brasileiro moderno. Mantém a tradição de tecnicista ousado, sempre à procura do melhor recurso para ultrapassar os problemas. Paralelamente, tem a cultura física e tática impressa pela progressiva europeização do futebol canarinho, que lhe permite controlar o meio-campo sem a bola e influenciá-lo com ela.»

B.I.

OSCAR DOS SANTOS EMBOABA JÚNIOR

Idade: 22 anos
Data de nascimento: 9 de setembro de 1992
Naturalidade: Americana, São Paulo, Brasil

Altura: 1, 80 metros
Peso: 72 quilos

PERCURSO COMO JOGADOR
Posição: Médio-ofensivo
Percurso: São Paulo (2008/2010), Internacional de Porto Alegre (2010/2012), Chelsea (2012/2014)
Principais títulos: Mundial sub-20 (2011), Sul-Americano sub-20 (2011), Taça das Confederações (2013), Libertadores 2010, Liga Europa 2013, Brasileirão 2008, estaduais gaúchos 2011 e 2012


«Mundo Brasil» é uma rubrica que conta histórias das experiências de jogadores e treinadores brasileiros que atuam ou já atuaram em campeonatos espalhados pelo globo


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