Pinguim-imperador entra para a lista das espécies ameaçadas

CNN Portugal , MJC
26 out 2022, 12:09
Pinguins-imperador (GettyImages)

Governo dos EUA considera que o pinguim-imperador ainda não está em vias de extinção mas estará em breve se nada for feito para reverter os efeitos das alterações climáticas na Antártida

O pinguim-imperador da Antártida, o mais alto e volumoso de todos os pinguins do mundo, foi oficialmente declarado pelo governo dos EUA uma espécie ameaçada, devido ao aumento das temperaturas globais e à redução dos glaciares.

O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA afirmou que os pinguins-imperadores devem ser protegidos pela Lei de Espécies Ameaçadas do país, já que constroem as colónias e criam os seus filhos na Antártida, um dos locais do planeta mais ameaçado pelas mudanças climáticas.

Depois de analisar os dados de satélite dos últimos 40 anos, o organismo concluiu que os pinguins não estão atualmente em perigo de extinção, mas o aumento das temperaturas indica que é provável que tal aconteça em breve. Por isso, seguiu a proposta de uma petição de 2011 do grupo ambientalista Center for Biological Diversity para listar esta ave sob a Lei de Espécies Ameaçadas.

“As alterações climáticas estão a ter um impacto profundo nas espécies em todo o mundo e enfrentá-las é uma prioridade para a Administração”, disse Martha Williams, diretora do Fish and Wildlife Service, citada pelo The Guardian. “A inclusão do pinguim-imperador nesta lista serve como um alarme, uma chamada à ação.”

As alterações climáticas na Antártida fizeram com que as colónias registassem falhas de reprodução. Em 2016, em Halle Bay, no Mar de Weddell, a segunda maior colónia de pinguins-imperadores do mundo, morreram mais de 10 mil crias devido à quebra de placas de gelo - as crias ainda não estavam prontas para nadar adequadamente e afogaram-se. A população da colónia de pinguins imperadores em Point Géologie, que foi retratada no filme "Marcha dos Pinguins", diminuiu quase 50% desde a década de 1970.

Este tipo de desastres deverão causar uma redução de 99% na população total de pinguins-imperadores até ao final deste século, dizem os cientistas. Os pinguins não estão a ser capazes de se adaptar às rápidas alterações no seu habitat. 

Os pinguins-imperadores podem ter até 1,2 metros de altura e são famosos pelos seus métodos de criação, com pares de machos e fêmeas que se revezam para cuidar dos ovos em condições extremamente frias, enquanto os outros procuram comida.  As águas ao redor e sob o gelo marinho são importantes para os pinguins como área de alimentação e o próprio gelo é essencial como local para os animais descansarem e abrigarem-se durante a muda anual e para escaparem aos predadores. Mas a diminuição do gelo marinho, devido ao aquecimento global, ameaça o habitat desses pinguins. Por outro lado, a acidificação do oceano está a reduzir a oferta de krill, uma importante fonte de alimentação.

Esta designação funciona como um aviso de que os pinguins-imperadores precisam de “ação climática urgente” para sobreviver, afirmou Shaye Wolf, diretora de ciência climática do Centro de Diversidade Biológica, citada pela Reuters. “A própria existência do pinguim depende do nosso governo tomar medidas fortes agora para cortar os combustíveis fósseis que aquecem o clima e evitar danos irreversíveis à vida na Terra”, disse Wolf. O estatuto de espécie ameaçada permitirá a cooperação internacional para estratégias de conservação, aumentará o financiamento para programas de conservação e exigirá que as agências federais nos Estados Unidos atuem para reduzir as ameaças.

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