Pedro Barbosa analisa o Sporting-FC Porto
O clássico em 12 pontos.
1 – FC Porto melhor na primeira parte.
Na segunda fez pouco e isso acabou por ser determinante no resultado final. A entrada pouco concentrada e o golo aos 52 minutos deixaram o campeão sem resposta. Apesar de faltar muito tempo, a equipa não teve capacidade para reagir e não mais se encontrou. As constantes subidas de Danilo criaram problemas defensivos ao Porto. Não havia cobertura e o Sporting não aproveitou esses desequilíbrios. Mas o problema começou na linha defensiva. O primeiro momento de construção nunca foi o desejado. Muitos erros, muitos passes falhados e os centrais não revelaram a capacidade para uma equipa que quer controlar o jogo.
2 – O Sporting manteve a identidade que o tem caracterizado ao longo da temporada.
Fiel ao modelo, não teve grandes oscilações. Após uma primeira parte à procura da melhor forma de atacar o jogo, entrou na segunda com a determinação de quem quer vencer. O golo cedo permitiu gerir o jogo e acabou por vencer com justiça. Pressionou alto, provocou o erro e intranquilizou o adversário.
3 – Jardim acabou por ser o vencedor da noite.
Respeitou o adversário, mas preparou bem a equipa e conseguiu a primeira vitória num clássico. Conseguiu que o adversário não jogasse como queria e a forma como a equipa entrou no reinício, revela a postura que, acredito, Jardim passou ao intervalo. Distanciado do FC Porto, vai confirmando a posição.
4 – Luís Castro
saiu derrotado ao fim do terceiro jogo e viu aumentar a distância pontual para os diretos adversários. Situação difícil. A lesão de Helton também atrapalhou os planos, mas as dificuldades existiam. Defour parece recuperado, mas Carlos Eduardo esteve ausente. Ainda lançou Quintero, à procura do passe, da dinâmica e da criação de desequilíbrio, mas o Sporting fechou os caminhos. Este jogo já acabou. O foco agora já está em Nápoles. Não há tempo a perder e vários aspectos a melhorar para sair vencedor da eliminatória.
5 – William Carvalho continua a crescer.
Seguro, confiante, voltou a cruzar-se com vários adversários e a todos respondeu presente. Forte e com personalidade é o ponto de quilíbrio da equipa e voltou a demonstrá-lo.
6 – Rojo e Dier foram a dupla de centrais e estiveram bem.
Seguros e concentrados não deixaram Jackson sobressair. Dier regressou à zona central e demonstrou qualidade e aquele corte ao minuto 77, diz bem da forma como abordou o jogo.
7 – Slimani voltou a marcar.
Já vai no quarto jogo consecutivo a marcar e a mostrar a Jardim que quer continuar a ser titular. Pressionou a defesa contrária, correu, tentou ser apoio, por vezes a recuar de mais, mas nunca desistiu dos lances. Podia ter marcado aos 51 minutos, mas a forma como se fez ao lance levou a bola por cima. Não tem a qualidade técnica de Montero, mas tem sido eficaz e decisivo e vai continuar a titular.
8 – Esperava mais desequilíbrios, mais momentos de rasgo no jogo. Tirando um ou outro momento de fantasia de
Quaresma
, não aconteceu. Tudo certo, tudo equilibrado. As equipas encaixaram-se e não houve desequilíbrios. Gostava de ter visto mais a velocidade e a irreverência de Mané mas o processo de crescimento também é assim.
9 – Mangala e Abdoulaye
formaram uma dupla intranquila. Desde o primeiro momento que optaram pelo risco desnecessário e colocaram a equipa várias vezes em sobressalto. Quiseram sair a jogar e não o souberam fazer. Muitos passes errados e isso para uma equipa que quer controlar não é a melhor forma. Abdoulaye saiu mal no lance do golo do Sporting. Perdeu completamente a noção de Slimani. Só olhou a bola e naquela posição tem de estar também atento à movimentação do adversário. Mérito deste que conseguiu cabecear sozinho.
10 – Quaresma foi o melhor do FC Porto.
Foi o único que criou desequilíbrios, que procurou fazer a diferença e não fosse a trave tinha feito um grande golo. O seu rendimento tem sido positivo e em crescendo e a importância que assume é visível. A equipa perdeu-se na segunda parte e ele foi atrás.
11 – Para qualquer jogador, uma lesão nunca vem em boa altura. Para
Helton
, já se sabe que é grave e é um momento extremamente complicado. Espero que recupere da melhor forma e possa regressar e fazer aquilo que tem feito e bem, que é estar na baliza.
12 – Os adeptos são fundamentais num jogo de futebol. Foram 36.692 em Alvalade e fizeram a festa. Registo o respeito que os adeptos do Sporting tiveram para com Helton, no momento em que abandonava o relvado. As palmas dos adeptos foram o reconhecimento pela postura profissional que o capitão do FC Porto tem tido ao longo dos anos que está em Portugal.
