Passos Coelho convicto: "O resultado natural é a vitória da AD. É a coisa mais natural do mundo"

26 fev, 19:37

Antigo primeiro-ministro sentiu o "calor humano" no comício de Faro. Lembrou Francisco Sá Carneiro e o seu próprio Governo, quando "quase não havia dinheiro nenhum"

Luís Montenegro está a pouco tempo de se tornar primeiro-ministro. A convicção é de Pedro Passos Coelho, antigo chefe de Governo que esta segunda-feira marcou presença no comício da Aliança Democrática (AD) em Faro.

Falando para uma plateia que ansiava a sua chegada – entrou lado a lado com o presidente do PSD –, Passos Coelho disse que marcou presença neste evento para “retribuir” o apoio de Montenegro quando era Passos Coelho a liderar o partido.

"Agora aqui estou para poder emprestar algum do meu apoio, do meu contributo, para que o resultado possa ser aquele que todos desejamos. Faco-o em particular com gosto de poder estar com Luís Montenegro, a quem não posso deixar de retribuir todo o apoio que sempre senti quando estive na posição dele como primeiro-ministro e presidente do PSD", afirmou dizendo que o líder da AD "está a pouco tempo de ter a primeira das qualidades [primeiro-ministro], já que tem a segunda [presidente do PSD]".

Passos Coelho lemnbrou que chegámos à "fase decisiva destas eleições", que se realizam dentro de menos de duas semanas. "É muito importante que, a cada dia que passa, a mobilização possa crescer que possamos todos os dias levar um estímulo maior de quem está a cumprir bem a sua missão, de que estamos a ser ouvidos no país e que isso pode ser importante para o futuro", reiterou, evidenciando o "calor humanos" e o apoio que sentiu na chegada ao comício.

O antigo primeiro-ministro falou de novos desafios. Recordou que no tempo do seu Governo "quase não havia dinheiro nenhum", mas que hoje continuam a existir problemas por resolver. E essa resolução passa pela AD: "Estou convencido, não é por falta de humildade, não é por ter um convencimento absurdo, é minha convicção. O resultado natural destas eleições é a vitória da AD. É a coisa mais natural do mundo".

Segundo Passos Coelho primeiro-ministro, a vitória da AD "é a coisa mais natural do mundo" - repetiu-o várias vezes -, porque "o PS tem hoje um vazio imenso para oferecer ao país. O resultado natural, depois deste vazio que se instalou, é uma escolha na AD".

Mas Passos Coelho também olha para trás. Tem 60 anos, recordou, parafraseando Francisco Sá Carneiro, que em 1979 se tornou no primeiro líder da AD. "Portugal era um país em que os velhos não tinham presente e os novos não tinham futuro", disse, admitindo "problemas sérios" na atualidade que requerem resolução.

"Só o podemos fazer com a confiança de que o país tem um futuro melhor do que aquele que está a ser oferecido", defendeu, sublinhando aquilo que entende terem sido oito anos falhados de "governos socialistas".

 

E foi mesmo para o PS que Passos Coelho se virou. Acusou o partido agora liderado por Pedro Nuno Santos de ter aumentado a insegurança no país, que associou à imigração, de ter governado com dirigismo no Estado, incluindo nas escolas, e deixar uma "perspetiva miserável" de crescimento económico.

A partir da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, Passos Coelho defendeu que a coligação PSD/CDS-PP/PPM tem de "fazer uma prática política diferente", com "capacidade reformista".

"A nossa proposta tem algum arrojo, confiar nas pessoas, não as quer dirigir. A nossa aposta tem de ser a de confiarmos naqueles que estão a dirigir as unidades hospitalares, naqueles que gerem as escolas e, pelo contrário, abandonar este dirigismo, este calculismo, de quem está sempre à espera de ser obedecido", afirmou.

Sugerindo que o PS se sente "o dono do próprio Estado", o antigo presidente do PSD acrescentou: "Nós não aceitamos donos em Portugal, porque nós somos donos de nós próprios, da nossa vida e do nosso futuro".

De acordo com Passos Coelho, a governação do PS com António Costa primeiro-ministro degradou a saúde, o ensino, a habitação e a segurança e deixa uma "perspetiva miserável de um crescimento que é demasiado magro".

"Não tarda estaremos na cauda da Europa do bem-estar, do progresso e do desenvolvimento", anteviu.

O ex-primeiro-ministro criticou a proximidade entre o salário mínimo e o salário médio e considerou que se a situação económica não se alterar "não haverá jovem qualificado que aqui encontre o futuro".

Sobre segurança, recordou uma afirmação que fez em 2016, na Festa do Pontal, no Algarve, quando liderava o PSD na oposição: "Nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro".

"Na altura, o Governo fez ouvidos moucos disso, e na verdade hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso", sustentou.

Sobre a educação, Passos Coelho declarou: "A nós não nos preocupa só que as escolas não sirvam, como deviam servir prioritariamente, para transmitir os conteúdos que são necessários, para dar ferramentas às pessoas. Importa-nos também que as pessoas que passam por lá se sintam cidadãs a quem ninguém anda a meter pela goela abaixo aquilo que há de ser a sua vontade e a sua maneira de pensar".

"Porque queremos que as pessoas pensem pela sua cabeça. Queremos essa liberdade para as pessoas, nas escolas, na saúde, em todo o lado", acrescentou, recebendo palmas.

Segundo o ex-primeiro-ministro, é preciso romper com "um país governado a olhar para o dia a dia, para os equilíbrios, para o oportunismo político de ocasião, à espera de fazer alguma pequena distribuição que todos os dias oferece qualquer coisinha a alguém – quando isso se esgota aquilo que fica é um vazio enorme"

"E é esse vazio que faz que hoje praticamente todas as pessoas que podem ter recebido qualquer coisinha sentem quando olham para o futuro. Ficou muito pouco ou nada para oferecer no futuro. E é por isso que se sente em Portugal essa vontade de mudança", disse.

Num balanço da governação do PS, concluiu que os socialistas evitaram reformas "para não se maçar, para não dividir, não vá alguém não gostar", causando problemas que "hoje caem em cima da cabeça de toda a gente".

"Afinal, tantas preocupações com as contas certas e tantos problemas tão importantes para resolver que se agravaram e deterioraram ao longo destes anos", observou.

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