Costa diz que antigos líderes do PSD são “profetas da desgraça” com “toda a amargura do mundo”

Agência Lusa , MJC
19 dez 2023, 21:45
António Costa no jantar de Natal do grupo parlamentar do PS (Lusa/Tiago Petinga)

No discurso, no jantar de Natal do PS, António Costa sublinhou que Portugal tem a “dívida a reduzir” e que os socialistas conseguiram fazê-lo sem ser “como a direita desejou e falhou”. “Essa é a maior derrota" para o PSD, sustentou

O secretário-geral cessante do PS, António Costa, diz que os ex-líderes do PSD têm “toda a amargura do mundo” por terem sido os socialistas a reduzir a dívida e, por isso, formam “uma espécie de clube de profetas da desgraça”.

No discurso no jantar de Natal do PS, em Lisboa, António Costa destacou que Portugal tem a “dívida a reduzir” e salientou que os socialistas conseguiram fazê-lo sem ser “como a direita desejou e falhou”. “Essa é a maior derrota que lhes dá toda a amargura do mundo”, sustentou.

No dia em que o ex-primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho considerou que o primeiro-ministro se demitiu “por indecente e má figura”, Costa considerou que é essa “amargura” que “faz com que cada geração de antigos líderes do PSD vá formando uma espécie de clube de profetas da desgraça”. “É mesmo isso: é que nós conseguimos os resultados que eles gostariam de ter tido, não com as políticas deles, mas com as nossas políticas e ao contrário das políticas deles”, defendeu.

"Nós conseguimos os resultados que eles gostariam de ter tido, não com as políticas deles, mas com as nossas políticas e ao contrário das políticas deles."

Num balanço dos seus últimos oito anos de governação, o também primeiro-ministro afirmou que, “para um agnóstico, são bastante perturbadores, porque começaram com a ameaça do diabo e acabaram com um prémio Nobel a falar de milagre económico”, numa referência às declarações do economista norte-americano Paul Krugman. “Eu, por mim, limito-me a ter a ideia que o que explica esta nossa trajetória é simples: boas políticas”, frisou.

Costa considerou que “é isso que tem explicado o sucesso do PS” e defendeu que é em torno dessas boas políticas que o partido tem de “continuar a construir o futuro”, apesar de salientar que “mudam necessariamente de legislatura para legislatura, de grupo parlamentar para grupo parlamentar, de liderança para liderança, de programa de Governo para programa de Governo”.

“É assim que o PS tem feito os seus 50 anos de história e há de continuar a fazer. E acho que nos podemos orgulhar do que temos para apresentar nos últimos oito anos”, salientou, apresentando estatísticas segundo as quais o abandono escolar e o desemprego “reduziram para metade”.

Segundo o chefe do executivo, “pela primeira vez neste século, depois de cinco anos de divergência e estagnação”, Portugal convergiu todos os anos com a União Europeia, menos nos da pandemia, e apresentou “orçamentos estabilizados” depois de “décadas de orçamentos desequilibrados”. “E é assim que seguramente vamos continuar: com as nossas políticas, para termos bons resultados, boas políticas e os portugueses continuarem a ter a estabilidade que mais precisam: a estabilidade na sua vida”, referiu.

Antes, num agradecimento a várias personalidades do PS que trabalharam com ele ao longo dos último anos, Costa quis dirigir uma palavra em particular ao presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, salientando que dirigiu a Assembleia da República “num contexto muito difícil, que é o contexto em que a extrema-direita deixa de ter uma só voz e passa a ter um grupo parlamentar”.

“E o que aconteceu ao longo desta legislatura na Assembleia da República, que é aliás o que tem acontecido em toda a Europa onde a extrema-direita se fortalece, não é a força da extrema-direita, mas é a capacidade de contágio que a extrema-direita tem relação aos seus vizinhos da direita democrática que se vão deixando contaminar”, advertiu.

O também primeiro-ministro salientou que a direita democrática não é contaminada pela extrema-direita no seu programa, referindo que “não passam a ser racistas, xenófobos e antidemocráticos”. “São contaminados no que é mais perigoso para a democracia: no estilo, no vocabulário, na forma de estar na política e degradam a política e, ao degradar a política, degradam a democracia”, vincou.

António Costa afirmou que o partido está unido e mobilizado para ir "para a luta": “Podem criar instabilidade na vida política, podem criar instabilidade na Assembleia da República, podem-nos derrubar pela segunda vez, mas há uma coisa que os portugueses sabem: é quem garante e garantiu estabilidade no dia-a-dia da sua vida, foi mesmo o PS. E é com o PS, e só com o PS, que podem contar para terem estabilidade na sua vida”, declarou.

No início do seu discurso, Costa quis fazer “uma grande saudação” a Pedro Nuno Santos, que mereceu o aplauso da plateia, desejando-lhe “as maiores felicidades e os maiores sucessos”. “É para mim uma grande honra ser o último da terceira geração a passar o testemunho ao primeiro da quarta geração de líderes do PS, um partido que celebra 50 anos de continuidade, continuidade daquilo que é perene, mas sempre ajustado aos desafios do tempo presente”, frisou.

Para António Costa, “essa foi uma grande marca sempre do PS”, um partido “do seu tempo, respondendo aos desafios que naquela altura se colocavam”. “É assim, foi assim e vai continuar a ser assim. E, por isso, meu caro Pedro Nuno, tenho a certeza de que, tal como aconteceu nos últimos 50 anos, todo o partido está unido, mobilizado, empenhado para irmos para a luta e vencermos as próximas eleições do dia 10 de março”, assegurou.

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