Chefe do Governo diz que respeita e percebe as palavras do antecessor, deixando uma bicada após um dia cheio de declarações quentes
O primeiro-ministro, António Costa, escusou-se esta terça-feira a responder às críticas de Pedro Passos Coelho porque o “azedume não merece comentário”, compreendendo que seja “muito cansativo” estar há oito anos à espera que o diabo apareça sem que ele chegue.
“Ao azedume nem se responde nem se comenta. Não há nada a dizer. Acho que as palavras dele falam por si”, começou por responder António Costa aos jornalistas à chegada para o jantar de Natal do Grupo Parlamentar do PS, quando questionado sobre as afirmações de Passos Coelho que disse hoje que o chefe do executivo se demitiu “por indecente e má figura”.
Perante a insistência dos jornalistas, Costa reiterou que o “azedume não merece comentário”.
“Eu respeito, eu percebo. Deve ser muito cansativo estar há oito anos a contar, dia após dia, à espera que o diabo chegue. O diabo nunca mais chega e depois sai isto”, atirou.
Costa foi recebido pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, tendo, depois destas curtas declarações aos jornalistas, esperado pelo seu sucessor na liderança do PS, Pedro Nuno Santos, com quem entrou na sala onde decorre o jantar, juntamente com o presidente do PS, Carlos César.
No Centro de Congressos de Lisboa estão reunidos os principais rostos do PS, desde deputados, a eurodeputados, passando por membros do Governo, entre os quais o candidato derrotado nas eleições internas do passado fim de semana, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considerou hoje que a demissão de António Costa, na sequência do processo Operação Influencer, se deveu a “indecente e má figura”, apelando a uma mudança política nas próximas eleições legislativas.
“Espero que o país saiba identificar no atual Governo que está a cessar funções responsabilidades graves na situação a que o país chegou. Suficientemente graves para que o primeiro-ministro tenha sido o único que eu tenho memória que se tenha sentido na necessidade de apresentar a demissão por indecente e má figura”, afirmou o antigo presidente do PSD.
Em declarações aos jornalistas à entrada do tribunal, onde prestou depoimento como testemunha no julgamento do Caso EDP, Passos Coelho manifestou ainda o desejo de que a situação de Portugal possa melhorar, avisando que as coisas “não melhorarão sem dedicação, esforço e algumas condições para que isso possa ocorrer”.