Costa fez "indecente e má figura": Passos Coelho volta à política (mas diz que vai sair já dela)

Agência Lusa , SM
19 dez 2023, 09:58

Ex-primeiro-ministro considera que "este não é o tempo" dele para intervir no espaço político mas fê-lo: o alvo foi António Costa (e por derivação o PS) e quis atingir com força esse alvo (e o derivado). Passos Coelho considera que a "segurança da sociedade portuguesa" está "em causa". Espera um novo Governo com "autoridade moral para conduzir uma política diferente". E garante que não vai voltar a fazer comentários sobre a atualidade política, que isto foi uma exceção

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considerou hoje que a demissão de António Costa, na sequência do processo Operação Influencer, se deveu a “indecente e má figura”, apelando a uma mudança política nas próximas eleições legislativas.

“Espero que o país saiba identificar no atual governo que está a cessar funções responsabilidades graves na situação a que o país chegou. Suficientemente graves para que o primeiro-ministro tenha sido o único que eu tenho memória que se tenha sentido na necessidade de apresentar a demissão por indecente e má figura”, afirmou o antigo presidente do PSD.

Em declarações aos jornalistas à entrada de um tribunal em Lisboa, onde prestou depoimento como testemunha no julgamento do caso EDP, Passos Coelho manifestou ainda o desejo de que a situação de Portugal possa melhorar, avisando que as coisas “não melhorarão sem dedicação, esforço e algumas condições para que isso possa ocorrer”.

Sobre o processo judicial, disse não saber porque foi chamado, mas mostrou-se disponível para colaborar com a justiça.

"Não sei avaliar, não sei por que razão é que sou chamado, não tenho conhecimento de nada em que o meu testemunho possa ser interessante, mas não me cabe a mim ajuizar a mim avaliar, cabe ao tribunal", afirmou.

Passos Coelho afirmou ainda que este não é o seu tempo para intervir no espaço político e manifestou a expectativa de que o PSD possa estar preparado e seja “liderante nesta fase nova”.

“Cada um tem o seu tempo e este tempo não me pertence. E, portanto, devemos deixar o espaço a quem pertence o tempo para fazer aquilo que é preciso. O que eu posso formular é um desejo muito sincero de que o PSD possa estar preparado para os tempos que aí vêm.”

Sublinhando que será necessário um Governo “que possa inspirar confiança às pessoas”, disse acreditar numa vitória social-democrata nas eleições de 10 de março: "Espero evidentemente que o PSD possa ser o partido liderante nessa fase nova que se vai abrir, não porque é o meu partido - acho que todos compreenderiam que eu desejasse que o meu partido pudesse ganhar as eleições - e confio que sim, que isso acontecerá”.

Para o antigo primeiro-ministro, o "país vai precisar seguramente de um governo que tenha não apenas um rumo bem definido, mas que possa inspirar confiança às pessoas para inverter uma degradação extraordinária de uma parte muito significativa das políticas públicas que são importantes para o crescimento da nossa economia".

"Muitas das políticas públicas degradaram-se extraordinariamente nestes anos, da saúde à educação, as questões relacionadas com a habitação" e "até à segurança", porque "há aspetos muito relevantes que envolvem a segurança da sociedade portuguesa e dos portugueses que estão em causa", sustentou.

No seu entender, Portugal precisa de "um governo esclarecido, que tenha um rumo bem definido e que tenha força, que é como quem diz, autoridade moral para conduzir uma política diferente". O ex-primeiro-ministro diz ainda que esta foi a única intervenção que fará sobre a atualidade política.

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