E se fosse ao contrário?

29 jun 2000, 01:10

Beto, crónicas do Euro-2000 Poucas horas depois do jogo que ditou o afastamento de Portugal do Euro, Beto, defesa central da selecção, deixa uma pergunta: e se fosse na área da França?

BRUXELAS, 28 de JUNHO-É difícil escrever o que quer que seja numa altura destas. Não por falta de assunto, como devem calcular, mas por ser delicado fazê-lo a quente, quando passaram escassas horas sobre o jogo que ditou o nosso afastamento do Euro-2000. 

Costuma dizer-se que no banco se sofre mais do que no campo. Hoje pude comprová-lo. Sofri muito, mesmo muito, com tudo o que se passou no relvado. Foi difícil seguir tudo aquilo sem poder participar.

Portugal teve contra si muitos factores. O primeiro golo, por exemplo, pareceu-me obtido a partir de posição irregular de Anelka. Ainda não vi as imagens, nem sei se elas ajudam a esclarecer o que se passou, mas no campo fiquei com a sensação de que era fora-de-jogo. 

Depois o lance do «penalty». É uma bola chutada à queima-roupa. Num lance destes o jogador nem tem tempo de reagir. Foi isso que sucedeu com o Abel. Nesta altura, apetece-me fazer uma pergunta: se fosse ao contrário, o auxiliar demonstraria todo aquele empenho? E o árbitro, segui-lo-ia daquela forma? Nunca saberemos, não é? 

Naquele momento pensei em tudo, sobretudo no nosso esforço, em tudo o que fizeramos até àquele momento. É inédito ver um auxiliar agir daquela forma, com semelhante veemência, e depois sair com ar tão comprometido. Não quero insinuar nada, limito-me a contar o que vi. 

Ainda é cedo, mas sei que precisamos de reagir e lembrar que a seleção fez um grande Campeonato da Europa. Hoje tivemos pela frente o campeão do Mundo e o mínimo que posso dizer é que Portugal não foi inferior à França. Perdeu, mas não foi inferior. 

Um abraço aos leitores do Maisfutebol. Amanhã falaremos com maior serenidade. 

BETO

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