Destruição da barragem de Nova Kakhovka deixa a descoberto esqueletos de militares da II Guerra Mundial

14 jun 2023, 08:00

Recuperação dos restos mortais poderá ter que aguardar o fim da invasão da Rússia à Ucrânia visto que, neste momento, Nikopol é novamente, 80 anos depois, uma cidade na linha da frente de batalha mantida pelos ucranianos e o centro da sua contra ofensiva face ao exército russo

A destruição da barragem de Nova Kakhovka, a 6 de junho, provocou não só o esvaziamento do maior reservatório europeu situado ao longo do rio Dnipro, na Ucrânia, como trouxe à tona memórias do passado da região -  o recuo das águas da albufeira revelou não só munições por explodir e navios naufragados, como esqueletos que se acreditam tratar-se de militares nazis da II Guerra Mundial, avança o The Guardian

Segundo o jornal britânico, os vídeos captados na barragem mostram vários crânios espalhados pela lama que os historiadores acreditam que possam ser restos mortais de militares que combateram na Batalha de Dnipro, um contra-ataque soviético contra o exército alemão durante a II Guerra Mundial, e envolveu mais de 6 milhões de soldados.

A Batalha de Dnipro foi uma das maiores operações militares durante a II Guerra Mundial e ocorreu no final de 1943, em Nikopol, na margem direita do rio, onde Hitler estava determinado a manter as minas de metal. Mas as forças armadas soviéticas foram superiores às alemãs, que acabaram por ser afastadas e abandonaram a cidade em fevereiro de 1944.

Segundo Olekssi Kokot, perito em relíquias militares alemãs na Ucrânia, a crença de que os restos mortais encontrados possam pertencer a soldados alemães deve-se ao facto de que os soldados do Exército Vermelho eram enterrados no solo enquanto que "os soldados alemães mortos eram simplesmente deixados deitados nos campos".

"Por isso, estes poderiam ser realmente soldados alemães", afirma o perito, acrescentando que o facto de os corpos terem sido ali deixados terá levado a que acabassem por ficar submersos com a construção da barragem Nova Kakhovka, em 1956. 

A agência Reuters avança ainda que a derradeira prova é que um dos esqueletos encontrado tinha um capacete semelhante aquele que era utilizado pela Alemanha nazi durante a batalha.

"As perdas das tropas soviéticas variaram entre 30.000 e 60.000 pessoas. As tropas alemãs e romenas perderam até 20.000 pessoas. Por isso, em teoria, este vídeo que mostra o capacete e o crânio pode estar ligado a esses acontecimentos", afirmou Andrii Solonets, historiador do Museu Nacional da História da Ucrânia na II Guerra Mundial, referindo-se ao vídeo divulgado pela agência noticiosa ucraniana UNIAN.

No entanto, a recuperação dos restos mortais poderá ter que aguardar o fim da da guerra na Ucrânia visto que, neste momento, Nikopol é novamente, 80 anos depois, uma cidade na linha da frente de batalha mantida pelos ucranianos e o centro da sua contra ofensiva face ao exército russo.

A destruição da barragem de Kakhovka, no rio Dnieper, provocou inundações nos municípios vizinhos e suscitou preocupações quanto à central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, situada 150 quilómetros a montante e ocupada pelos russos. Desde a catástrofe, cuja responsabilidade é atribuída à Rússia por Kiev e parceiros ocidentais, e o rompimento da barragem levou à deslocação de quase 9.000 pessoas no sul da Ucrânia.

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