Vai sair de barco para o mar? Há alguns cuidados a ter para que tudo corra bem

13 abr, 18:00
barco

Autoridade Marítima Nacional recomenda que se tomem precauções antes de sair para o mar: veja as condições marítimas, confirme o estado da embarcação e dos equipamentos e pratique uma navegação em segurança

Quando cinco pessoas saíram para uma tarde de pesca em Troia não imaginariam que tudo acabaria em tragédia. Uma criança e um adulto morreram, outros dois estão ainda desaparecidos (as autoridades marítimas dão como provável a morte) e apenas o timoneiro do barco sobreviveu. Este naufrágio despertou a curiosidade de muitos entusiastas do mar, até porque todos os que frequentam aquela zona sabem que é conhecida por fundos baixos que, em determinadas condições, geram alguma ondulação. “Essa ondulação tende a crescer em altura”, explica à CNN Portugal o comandante José Sousa Luís, porta-voz da Autoridade Marítima Nacional (AMN) e da Marinha, frisando que é mais comum “durante a baixa mar”.

Há relatos de pessoas que se viram obrigadas a empurrar os barcos que ficaram encalhados nos bancos de areia da região, aponta, sendo que a CNN Portugal relatou um deles, em que o timoneiro era o mesmo do naufrágio do fim de semana passado. No caso da embarcação do timoneiro Manuel Isaías, foi “um golpe de mar que fez com que os passageiros tivessem sido ‘cuspidos’ para a água”, afirmou Serrano Augusto, o capitão do Porto de Setúbal. Segundo conta a vítima resgatada (o timoneiro), “o mar cresceu muito ao tentar virar para trás, uma vaga adornou a embarcação e virou-se”. “O golpe de mar é uma onda maior do que a onda que se está a sentir”, desenvolve o porta-voz da AMN e da Marinha.

Veja também: "É um atrevido, ia em excesso de velocidade". João descreve uma viagem com o timoneiro do barco que naufragou em Troia

Esta embarcação era de recreio, tal como as muitas que os entusiastas do mar são capazes de alugar. Contudo, o comandante José Sousa Luís alerta a comunidade náutica de recreio para as precauções que devem ter. 

Em primeiro lugar, relembra que as condições marítimas alteram constantemente. Por isso, antes de embarcar, deve “verificar-se a previsão do tempo e as condições oceanográficas”. À CNN Portugal a Polícia Marítima sugere que se utilizem fontes como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ou o WindGuru para ter acesso a informações detalhadas sobre padrões de vento, altura das ondas e condições do mar. O porta-voz da AMN diz que sempre que o tempo está adverso é emitido um sinal alertando para as condições do mar. 

A autoridade marítima recomenda que antes de sair para o mar, a tripulação verifique o estado da embarcação e dos equipamentos, sobretudo os de segurança. No que toca aos coletes salva-vidas, a legislação portuguesa não obriga à sua utilização durante a viagem, apenas enquanto se pesca - no naufrágio de Troia apenas a criança, que morreu, estava a utilizar colete. Contudo, o comandante frisa que a AMN e a Marinha recomendam fortemente a utilização de coletes. 

Para além destes avisos, Sousa Luís também sugere que se consultem os avisos locais das capitanias do Porto e o estado das barras. Relativamente ao estado das barras, importa referir que, quando fechadas, uma embarcação que saia do porto nessas condições estará a cometer uma infração punida por lei. Na zona de Esposende e de Vila Real é comum que as barras estejam condicionadas, o que significa que só podem sair embarcações com mais de 50 metros, desenvolve o comandante. 

Durante a navegação é recomendável que se pratique uma condução segura, mantendo-se afastados de quaisquer perigos. Caso haja um problema, a AMN tem uma linha de emergência ativa para a qual pode contactar. A autoridade irá proceder ao envio dos meios necessários para a situação em concreto. Alguns barcos têm rádios VHF que também podem ser utilizados para emergências. 

No que diz respeito às atividades lúdicas marítimas, Sousa Luís alerta para a prática das mesmas com consciência, sem expor ao risco. A Polícia Marítima recomenda que todos estejam vigilantes e exerçam supervisão, recomendando que estejam duas pessoas no barco, enquanto devendo sempre haver uma boia a reboque, por exemplo - uma pessoa a navegar, outra a olhar constantemente para a pessoa a participar na atividade. A Polícia Marítima relembra também que estas atividades não podem ser praticadas junto aos cais ou nos canais de navegação de navios, por onde passam cargueiros, barcos de comércio, entre outros. 

A Polícia Marítima fala também aos proprietários de barcos, pedindo que realizem inspeções de rotina e as vistorias obrigatórias (de 10 em 10 anos) para garantir o melhor estado da embarcação e prevenir possíveis problemas. Todas as embarcações são alvos de vistorias pelas capitanias ou Direção-Geral Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. Caso o barco tenha uma avaria, terá uma vistoria própria após o arranjo. 

Se está a pensar em aproveitar o calor para passear de barco, avalie os riscos associados às saídas marítimas, considerando fatores como condições meteorológicas, estado da barra e experiência do respetivo timoneiro. Se as condições forem desfavoráveis, opte por adiar a viagem.

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