"Será muito difícil o recrutamento de juventude se a maçonaria não estiver nos círculos onde os mais novos se movimentam". A estratégia de Natal Marques para o GOL

1 jun, 08:01
Luís Natal Marques

O antigo presidente da EMEL, que vai disputar a liderança do Grande Oriente Lusitano com o atual Grão-mestre, Fernando Cabecinha, defende também a criação de um KIT sobre maçonaria para dar aos jovens

É um dos maiores problemas da maçonaria nos dias de hoje e é preciso resolvê-lo com urgência. O alerta parte de Luís Natal Marques, o maçon e antigo presidente da EMEL que se candidata a líder do GOL, e diz respeito ao envelhecimento da obediência. No seu programa eleitoral, a que a CNN Portugal teve acesso, Natal Marques garante ter uma estratégia para recrutar os mais jovens.  

“Por todo o mundo as obediências maçónicas, enquanto instituições com longas tradições e história, enfrentam desafios para o seu rejuvenescimento, porquanto se confrontam com o envelhecimento dos seus membros e com a necessidade de atrair uma nova geração de adeptos, cujo recrutamento não se tem mostrado fácil”, assume, admitindo:  “O panorama entre nós não é diferente”. E este recrutamento de jovens, diz, torna-se urgente por várias razões.  “A necessidade de rejuvenescimento da Grande Oriente Lusitano” envolve questões de “sustentabilidade económica e financeira da obediência”, de transmissão dos valores e da tradição às gerações futuras”. Mas não só, pois segundo refere no documento, “o rejuvenescimento é fundamental” para que o GOL “tenha novas ideias”.

Natal Maques considera, por isso, ser urgente a tomada de medidas. “Será muito difícil o recrutamento de juventude se a maçonaria não estiver presente nos círculos, geográficos e de interesses, onde os mais novos se movimentam”. E dá sugestões. “Parece óbvio que a comunicação com os estratos etários mais jovens deverá ocorrer preferencialmente nos meios digitais”.

Além disso, lança a ideia de se marcarem conversas e entrevistas “para os quiserem ter uma abordagem mais personalizada”, ou se disponibilizar “um kit esclarecedor sobre as origens e objetivos da Ordem, bem como as causas em que se encontra envolvida”.

No seu programa, que foi enviado a todos os maçons das mais de 100 lojas que compõem o GOL, o antigo presidente da EMEL avisa ainda que a maçonaria está com dificuldades em ser reconhecida na sociedade. “As cidades de Portugal estão repletas de toponímia maçónica. Por alguma razão isso acontece e nos orgulhamo-nos disso".

Apesar desse reconhecimento, os valores fundamentais da maçonaria e os seus princípios éticos vêm encontrando obstáculos na sua afirmação”, lê-se no documento, que acrescenta: “Urge aprofundar o nosso relacionamento com a sociedade em termos de comunicação, sem que isso signifique a quebra do sigilo maçónico que nos caracteriza”. Nesse sentido, Natal Marques defende o “diálogo permanente com a sociedade, sobretudo com as suas instituições de referência” para “contrariar a incompreensão que fomenta o preconceito”. A solução, garante, apara que o GOL consiga “sobreviver” passa por desenvolver “atividades conjuntas e parcerias, com instituições políticas, sociais e culturais”.

A possível entrada de mulheres

No programa eleitoral, há ainda dois outros temas que merecem destaque: a possível entrada de mulheres no GOL e o património.

Quanto ao primeiro, Natal Marques apela à discussão. “Há que discutir, perceber e avaliar sem ceder a pressões ou agendas, para que se possa decidir em termos Legais e Iniciáticos o que for da vontade de todos num processo que se quer informado e transparente”. Já quanto ao património do GOL, deixa uma preocupação: a de que se percam bens e verbas financeiras para “o mundo profano”, por não haver uma maior ação do parlamento maçónico nestas questões que envolvem as chamadas associações para-maçónicas.

 

País

Mais País

Patrocinados