Francisco Neto: «Temos de crescer e perceber onde não estivemos tão bem»

23 jul 2023, 11:50
Mundial feminino: Países Baixos-Portugal (AP)

A análise do selecionador nacional à derrota frente aos Países Baixos

O selecionador nacional, Francisco Neto, em declarações na flash interview da SportTV e também na conferência de imprensa após a derrota frente aos Países Baixos, na estreia de Portugal no Mundial Feminino:

«Acima de tudo saio daqui com uma sensação de muito orgulho pela jogadora portuguesa, muito orgulho pelo que fizeram, mostraram nitidamente hoje o porquê de se terem qualificado, a forma competitiva como disputam os jogos, sabendo que é um Mundial e que estamos a jogar contra uma das melhores equipas do mundo e que havia momento em que teríamos de sofrer, que foi o que aconteceu. Depois houve momentos em que estivemos por cima, em que criámos as nossas oportunidades e onde conseguimos criar muita intranquilidade nos Países Baixos. Infelizmente acabámos por sofrer o golo de bola parada, porque de resto há provavelmente uma situação de perigo para os Países Baixos e nada mais.

Tivemos dificuldades em tirar a zona de pressão, por mérito dos Países Baixos. Temos de crescer e perceber onde não estivemos tão bem e fazer acontecer as coisas.

[Este resultado compromete a passagem?] Não, ainda há mais dois jogos, assim como não garantiria se o resultado fosse outro. Não há dúvidas que entrar a pontuar seria sempre muito melhor, mas ainda dependemos só de nós, temos dois jogos pela frente, estamos com um Portugal competitivo e acredito que se formos competitivos vamos chegar até ao último dia a depender só de nós.

Vamos sempre achar que podíamos ter reagido logo após sofrermos o primeiro golo, mas penso que até entrámos bem, equilibrados, e que fomos muito equilibrados defensivamente durante todo o encontro, nas duas estruturas apresentadas.

No jogo do Euro2022, elas tiveram muito mais oportunidades, jogaram muito mais no último terço e tiveram muito mais tempo a bola, mas reconheço que, na primeira parte, tivemos muitas dificuldades em ter a bola, esse foi o grande aspeto em que não estivemos bem.

Voltámos a sofrer um golo de bola parada, mas em outras jogadas de bola parada fomos competentes, ganhámos a primeira bola. É um aspeto que temos vindo a trabalhar muito desde o Europeu, mas não estamos no patamar onde queremos estar.

Não podemos esquecer, também, quem está do outro lado, que já jogou finais, é muito experiente e teve mérito. Isso só valoriza o que conseguiram fazer. As jogadoras tiveram uma coragem e um caráter muito grandes.

Face a uma equipa que é vice-campeã do Mundo, conseguimos, na segunda parte, que elas quisessem quebrar o ritmo, ficar no chão e fazer substituições para queimar tempo, porque Portugal estava a ser superior.

Se podia ter mexido mais cedo? Depois das coisas acontecerem é diferente. É uma reflexão que temos de fazer enquanto equipa técnica, haverá coisas em que temos de melhorar, mas estamos muito a quente para perceber.

No início da segunda parte, percebi que a equipa estava melhor, a atacar mais, a ter mais bola, embora com algumas más decisões no último terço.

As substituições aconteceram por estratégia e fadiga. Quem entrou, acrescentou, mas quem estava dentro também estava a cumprir o que tínhamos pedido. Mesmo com as jogadoras que entraram, estávamos a dominar no início da segunda parte.

É isso, assino por baixo, agora temos de vencer o Vietname. Sabemos que, não pontuando neste primeiro jogo, temos obrigatoriamente de vencer o Vietname. Com os Países Baixos, entrámos com a mentalidade de vencer, e com o Vietname vai ser igual, embora num jogo que nos trará problemas diferentes, a atacar e defender. Não será um jogo nada fácil.

O balneário está triste. Há uns anos, depois de perder por 1-0, as jogadoras poderiam ficar aliviadas, mas agora, com a competência, o trabalho de muita gente, ficam frustradas quando não pontuamos com melhores equipas do Mundo. Acreditam que podem fazer as coisas melhores.

Tanto na vitória, como na derrota, impomos um período de tempo muito curto para festejar ou fazer luto. Amanhã [segunda-feira], na hora do treino, já nos temos de focar no Vietname. Nos últimos nove anos, no treino seguinte, o jogo anterior tem de terminar. É este o hábito.

Procurámos antecipar o que seria o jogo com o Vietname e, agora, nestes três dias, só vamos confirmar, também pelo que jogou no primeiro jogo. Temos de perceber como estamos e mudar o nosso ‘mindset’. Recuperar quem jogou mais tempo, potenciar quem jogou menos, para termos as 23 disponíveis.»

[artigo atualizado às 12h36]

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