Itália quer gestão coletiva de migrantes entre países do Mediterrâneo

Agência Lusa , WL
3 dez 2021, 15:42
Mario Draghi (Massimo Percossi / EPA)

Cerca de 63 mil migrantes desembarcaram este ano junto à costa italiana. Mário Draghi avisa que não consegue lidar com o problema sozinho

O primeiro-ministro italiano incitou esta sexta-feira a Europa a adotar uma “gestão coletiva” das migrações, alegando que a Itália “não pode, sozinha,” controlar os fluxos que chegam às costas do país, onde 63 mil migrantes desembarcaram este ano.

“Não podemos controlar sozinhos os fluxos migratórios, que desde o início deste ano já levaram [à Itália] 63 mil pessoas, seis vezes mais do que em 2019”, afirmou Mário Draghi, num fórum sobre a área geográfico-política do Mediterrâneo, realizado em Roma.

“Precisamos de um maior envolvimento de todos os países europeus no Mediterrâneo”, que “não é só um mar, mas uma encruzilhada do mundo”, acrescentou.

“A Itália continua a promover uma gestão coletiva, assente num equilíbrio eficaz entre responsabilidade e solidariedade”, defendeu o chefe do Governo italiano, garantindo que “atuar em conjunto para prevenir os fluxos ilegais” é a melhor forma de lidar com a questão.

Fluxos migratórios são "ativo e não uma ameaça"

É preciso também “proteger os mais fracos, promovendo corredores humanitários a partir dos países mais vulneráveis” e “reforçar os fluxos [migratórios] legais, que são um ativo e não uma ameaça às nossas sociedades”, considerou Draghi.

A cooperação com os países mediterrânicos não pode “terminar na gestão de crises”, deve “desenvolver-se numa perspetiva de crescimento sustentável, partilhado e a longo prazo para fortalecer ainda mais os laços económicos e sociais que nos unem”, disse.

Mudanças na energia

Na mesma intervenção, Draghi apelou à adoção de “uma política energética comum” nos países mediterrânicos, exortando-os a aproveitar as suas “grandes reservas” de gás e a reforçar o desenvolvimento de energias renováveis, como a eólica e a solar.

A Itália, em conjunto com Espanha, França, Grécia e Roménia, pediu, na quarta-feira, uma reforma do mercado de energia elétrica da União Europeia (UE) para, por exemplo, serem adotadas “medidas excecionais” como a colocação de um preço máximo para o gás, evitando que a sua escassez provoque um aumento no fornecimento das restantes fontes de energia.

A posição foi tomada depois de outros nove países, liderados pela Alemanha e secundados pela Comissão Europeia, defenderem que Bruxelas não deve intervir no mercado da eletricidade.

Draghi lembrou que “o Governo italiano está a estudar se três mil milhões de euros serão suficientes para congelar, no primeiro trimestre de 2022, os encargos fixos do sistema e dar ajuda às famílias mais vulneráveis, dado o previsível aumento das contas de luz e de gás devido ao aumento dos preços nos mercados internacionais e dos direitos de emissão de CO2”.

O valor consta da proposta de Orçamento de Estado para 2022, que está em análise na Assembleia italiana e tem de ser aprovado antes do final do ano, mas que algumas associações de consumidores consideram insuficiente, estimando que serão necessários 10 mil milhões de euros.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados