Tensão no norte de África pode trazer "grande fluxo de migrantes" a Portugal e Espanha

Agência Lusa , CM
30 nov 2021, 10:50
Migrantes resgatados do Mediterrâneo

ONG alerta que a crescente onda migratória, resultante das situações na Líbia e na Tunísia e da escalada do risco de guerra entre Argélia e Marrocos, “pode ter um destino: a Península Ibérica” 

A atual tensão no norte de África, face ao agravamento da instabilidade na região do Magrebe, vai aumentar o fluxo de migrantes com destino a Portugal e Espanha, alertou, nesta terça-feira, o International Crisis Group (ICG).

A previsão é do diretor do Programa para o Norte de África daquela ONG, Riccardo Fabiani, que avisa que a crescente onda migratória, resultante das situações na Líbia e na Tunísia e da escalada do risco de guerra entre Argélia e Marrocos “pode ter um destino: a Península Ibérica”. 

“Estamos mais perto do que nunca de um conflito, direto ou indireto, entre Argélia e Marrocos. Podemos começar a ver brevemente um grande fluxo de migrantes em direção a Portugal e Espanha”, apontou.

O tema será abordado na conferência “Norte de África: Tensões e Conflitos”, esta tarde por videoconferência, organizada pelo Observatório do Mundo Islâmico (OMI).

A circunstância de instabilidade é ainda agravada pelos sucessivos ataques terroristas no Sahel, que causam a deslocação de pessoas para o norte do continente africano, com o objetivo de chegarem à Europa.

“É fundamental debatermos e analisarmos a situação do Magrebe. Nenhuma potência ou organização internacional está a prestar a devida atenção ao agravamento da instabilidade na região, e isso pode-nos custar muito caro”, defendeu Fabiani. 

Segundo o diretor do ICG, Marrocos poderá não ter condições, por muito mais tempo, para ser o “’Estado-tampão’ que a União Europeia (UE) necessita no controlo fronteiriço do fluxo migratório clandestino.

“Marrocos está muito pressionado: por um lado, a tensão com a Argélia cresce diariamente. Recentemente, ficaram sem o gasoduto, que foi cortado por Argel; por outro, chegam ao seu território muitos migrantes vindos do Sahel, que fogem dos ataques terroristas e do contrabando. Esta situação tem criado uma grande agitação nas ruas, do ponto de vista social, político e económico. Mesmo com as verbas europeias, Marrocos poderá não ter capacidade nem disposição para controlar o cabo de Ceuta ou Melilha”, realçou. 

Organizada pelo OMI, a iniciativa, também disponível online, decorre na Biblioteca Arquiteto Cosmelli Sant´Anna, em Lisboa, às 18:30, contando com a moderação de Diogo Alexandre Carapinha, membro da direção do Observatório.

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