Mariana Mortágua recusa antecipar Convenção do BE e aceita reunião com Livre

Agência Lusa , AM
23 jun, 13:26
Mariana Mortágua na feira de Famalicão (ESTELA SILVA/LUSA)

Coordenadora do partido respondia à sugestão de antecipar a Convenção Nacional deixada pelo ex-deputado Carlos Matias

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, respondeu à oposição interna que a próxima Convenção Nacional do partido será no “próximo ano, de forma regular e ordinária”, recusando assim uma antecipação, e aceitou a reunião pedida pelo Livre.

Mariana Mortágua deu este domingo, em Lisboa, uma conferência de imprensa para apresentar os resultados da Mesa Nacional do BE na véspera, tendo sido questionada sobre as críticas da oposição interna à nova derrota eleitoral nas europeias e à sugestão de antecipar a Convenção Nacional deixada pelo ex-deputado Carlos Matias na Rádio Observador.

“O Bloco de Esquerda teve uma Convenção há pouco tempo, teve duas moções em debate, uma saiu minoritária, como sabem, e agora apresentou esta resolução e que faz parte do debate interno, temos diferentes posições sobre diferentes assuntos, em particular sobre as questões de política internacional”, começou por responder.

Segundo a coordenadora do partido, os bloquistas definem a sua “linha política na Convenção” que vai acontecer no “próximo ano, de forma regular e ordinária”.

“Não me parece é que até essa Convenção o Bloco não tenha que fazer um trabalho de reflexão, de debate interno e externo”, acrescentou, adiantando que esta reunião magna ordinária acontecerá “algures entre o primeiro e o segundo semestre”, mais provavelmente “no final do primeiro semestre”.

O objetivo do BE, de acordo com Mortágua, é aproveitar esse tempo até à próxima convenção do partido “para fazer um debate sobre o Bloco, sobre como a esquerda se deve posicionar, como é que deve fazer diálogos internacionais e como é que se deve posicionar perante as eleiçoes autárquicas”.

“Este é um debate que não é só do Bloco de Esquerda. É sobre como reverter o ciclo de direita, como retirar executivos de direita, combater executivos de direita e afirmar alternativas em todo o território”, disse, numa declaração à imprensa em que começou por anunciar uma Conferência Nacional do partido.

Questionada sobre o convite do Livre, hoje conhecido, de reuniões com as lideranças do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PAN para analisar a situação política atual, na sequência das últimas eleições para o Parlamento Europeu, e pensar já nas autárquicas, a líder bloquista mostrou total disponibilidade.

“Aliás, vem na sequência de um primeiro movimento que fizemos a seguir às legislativas de debate com diferentes partidos do campo ecologista, à esquerda e que queremos ir aprofundando ao longo do tempo e isso quer dizer diálogo”, acrescentou.

Este deve ser um “diálogo interno e externo, com outros partidos, mas também com a sociedade civil, também com movimentos de cidadãos”, defendeu Mortágua.

A seguir às últimas eleições legislativas, realizadas a 10 de março, o Bloco de Esquerda tinha promovido uma iniciativa semelhante a esta agora do Livre, pedindo reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para analisar os resultados das eleições que “mudaram a face política do país” e debater convergências “na oposição ao Governo da direita” e na construção de uma alternativa.

Os eleitos da Mesa Nacional do BE pela lista opositora à da direção consideraram no sábado que o partido teve um “mau resultado” nas europeias, um prolongamento do ciclo de derrotas que está ligado à política seguida desde a geringonça.

BE convoca Conferência Nacional 

A coordenadora de BE assumiu o “mau resultado” nas europeias e anunciou uma Conferência Nacional para discutir o papel do partido no atual ciclo político e debater a política de alianças para as autárquicas do próximo ano.

Numa conferência de imprensa para apresentar os resultados da Mesa Nacional da véspera, Mariana Mortágua assumiu que o BE teve “um mau resultado” nas últimas eleições europeias, nas quais “perdeu votos, perdeu percentagem e perdeu um mandato”, sendo esta a “sequência de uma perda eleitoral” que o partido não foi capaz de reverter.

Comprometendo-se a trabalhar para “reverter este ciclo político”, a coordenadora do BE anunciou que foi decidido “abrir um debate alargado, dentro e fora do partido sobre a afirmação do Bloco de Esquerda como uma esquerda moderna, unitária”.

“Um primeiro passo nesse processo é uma Conferência Nacional que a Mesa Nacional convoca para o ultimo trimestre de 2024”, antecipou, referindo que este momento será de “participação aberta” aos militantes.

O objetivo dos bloquistas é que se faça um “debate muito alargado sobre o papel do Bloco de Esquerda no presente ciclo político, nacional e internacional”.

“Queremos que essa conferência sirva também para fazer um debate sobre as responsabilidades da esquerda perante um ciclo autárquico que se abre agora e em particular para discutir a política de alianças do BE nas eleições autárquicas”, acrescentou.

A proposta da direção do BE, segundo Mortágua, é que se “debatam as condições para convergências à esquerda que se possam traduzir em projetos verdadeiramente transformadores no território”, dando como exemplo “a possibilidade de convergências mais alargadas para derrotar executivos de direita em sítios chave do país como em Lisboa”, referiu.

Sobre as críticas da oposição interna de não ter sido feito um balanço sobre a linha política seguida na sequência da geringonça e que terá levado a este ciclo de derrotas eleitorais, a coordenadora do BE defendeu que "esse debate está feito e que o Bloco de Esquerda nunca fugiu a ele".

"Temos que reconhecer o que aconteceu, temos que reconhecer que o Bloco teve um mau resultado [nas europeias], temos que compreender o ciclo político que enfrentamos, a viragem à direita, que ela não se reverteu nestas eleições, embora tenha havido uma transferência de votos entre os partidos de direita que provocou uma derrota ao Chega que é sempre de ressalvar neste balanço", apontou.

No entanto, para Mortágua, "no essencial o ciclo político é o mesmo".

"O debate que temos que fazer é como inverter este ciclo político e qual é o papel dos partidos de esquerda, porque esta é uma perda de espaço do Bloco, certamente, mas de toda à esquerda, em particular à esquerda do PS, e isso deve provocar-nos uma vontade de uma reflexão sobre o futuro, sobre como é que a esquerda se afirma como uma alternativa", defendeu.

A última Conferência Nacional do BE, então a IV, realizou-se no final de abril de 2022 com o objetivo de debater o rumo estratégico do partido, abordar a reorganização interna e a oposição dos bloquistas à então maioria absoluta do PS.

Essa IV Conferência Nacional tinha sido convocada pela Mesa Nacional que analisou os resultados eleitorais do partido nas legislativas antecipadas de 2022, nas quais o BE falhou os seus objetivos, deixou de ser a terceira força política, perdeu metade dos votos e ficou reduzido a cinco deputados.

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