Entrevista a José Sá: «Sair do FC Porto foi o melhor para mim»

21 dez 2018, 09:46
FC Porto-Liverpool (Lusa)

Guarda-redes do Olympiakos e campeão nacional 2017/18 em exclusivo ao Maisfutebol

A vida em Atenas corre bem a José Sá. Homem da confiança do treinador Pedro Martins, que o conhece desde os tempos do Marítimo, o guarda-redes agarrou a titularidade no final de outubro e já soma 13 jogos oficiais com o Olympiakos. 

Na primeira entrevista concedida após a saída do FC Porto, a quem está ligado até junho de 2020, José Sá fala do projeto na Grécia, da amizade com Roderick e Podence, e do telefonema feito por Jorge Mendes nas últimas horas do mercado de transferências. 

Aos 25 anos, José Sá luta pela primeira internacionalização pela seleção A - soma 31 nos outros escalões - e pelo sonho de ser um dos melhores do mundo na sua posição. Uma conversa longa e franca com o Maisfutebol poucos dias depois de eliminar o AC Milan na Liga Europa.

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Maisfutebol – Já fez 13 jogos pelo Olympiakos. Está satisfeito pela opção tomada na carreira?
José Sá –
Sim, estou contente pela escolha que fiz. Estou a jogar regularmente e os jogos têm-me corrido bem. Não estamos no primeiro lugar do campeonato, mas continuamos na luta e acho que temos equipa para chegar ao título. A nível individual, repito, a experiência aqui na Grécia está a correr-me muito bem.

MF – Com o José Sá na baliza, o Olympiakos só perdeu em Milão e em Sevilha. Para a Liga Europa.
JS –
O Betis tem uma excelente equipa e excelentes jogadores. O William Carvalho, por exemplo. Não trouxemos pontos de lá, mas demos uma boa réplica e acabámos por conseguir a qualificação com uma grande vitória sobre o Milan em casa.

 

MF – Falemos desse jogo. Foi a sua melhor exibição com a camisola do Olympiakos?JS – Até agora esse foi, sem dúvida, o meu melhor momento. E acredito que ainda vamos alcançar coisas superiores: o campeonato da Grécia e a Liga Europa (risos).

 

 

VÍDEO: os melhores momentos do Olympiakos-AC Milan


MF – Qual desses objetivos é prioritário?
JS – Ambos são prioritários, estamos objetivamente na luta pelos dois. O Olympiakos é de longe o maior clube grego e foi campeão nacional sete anos seguidos. Só na época passada é que entregou esse estatuto ao AEK.

MF – E como é a sua vida em Atenas? Certamente diferente da que vivia no Porto.  
JS – Vive-se bem, mas preferíamos estar em Portugal e no Porto. O clima é bom, raramente chove e os gregos são acolhedores. Os adeptos são fervorosos e nos dias de jogo a atmosfera é incrível. Mesmo agora, como as coisas me estão a correr bem, os adeptos falam comigo na rua e pedem-me para ficar cá muitos mais anos. Eu também não passo despercebido (risos). Muitas vezes vêem-me ao longe e começam logo a cantar. Vou jantar muitas vezes fora com o Podence, o Roderick e o Pardo, um colombiano que também jogou em Portugal, no Sp. Braga. Como estamos longe, somos a família uns dos outros. Vivo junto ao mar, na zona de Glyfada, um pouco a sul de Atenas.

MF – Ter um treinador português, no caso o Pedro Martins, facilitou a mudança?
JS – Estar rodeado de portugueses ajuda muito. Fui jogador do Pedro no Marítimo, conheço-o bem e ele quis-me aqui. Já foi há uns aninhos e agora sinto-me muito mais maduro e experiente.

MF – E como surgiu essa opção pelo Olympiakos, já perto do fecho do mercado?
JS – Bem, aconteceu tudo nos últimos dias de mercado. O meu agente [n.d.r. Jorge Mendes] telefonou-me e disse-me que tinha uma situação interessante para mim. Mas disse-me que eu tinha de ir para a Grécia logo no dia a seguir. Ele telefonou-me às oito da noite e às seis da manhã já estava a viajar. Só fui a Braga despedir-me da minha família, porque eu estava no Porto, e vim logo para aqui.

MF – Não deu sequer para pensar duas vezes.
JS – Não, nada (risos). Teve de ser. Eu pensei no meu melhor e senti que esta época tinha de jogar, precisava de regularidade. Sair do FC Porto foi o melhor para mim.

MF – Tem contrato com o FC Porto até junho de 2020.
JS – Certo, é isso. Bem, para já sei que vou ficar até ao fim da temporada na Grécia. Depois os clubes terão de falar, eu terei também uma palavra, enfim, veremos o que é melhor para mim. Imagino-me na Grécia, mas tudo depende das intenções do FC Porto comigo. Se o FC Porto me pedir para ficar… lá está, ainda é cedo e depende de muita coisa.

MF – Foi campeão nacional no FC Porto e fez 21 jogos oficiais. Superou as suas expetativas?JS – Eu queria jogar, mas sabia quem estava na baliza e que não seria fácil ser titular. Foi uma época boa e acho que ajudei a equipa a ser campeã nacional. Fiz a minha parte.

MF – Voltando à sua carreira: que objetivos tem para os próximos anos?
JS – Quero ser considerado um dos melhores guarda-redes do mundo. E gostava de voltar ao FC Porto, tenho o FC Porto no coração. Sou portista desde pequeno e desde que fui para lá ainda me tornei mais portista. Fui sempre muito bem tratado por toda a gente, os responsáveis foram sempre cinco estrelas comigo.      

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