Truss invoca "interesse nacional" e "estabilidade económica" para despedir ministro das Finanças

Agência Lusa , CE
14 out 2022, 15:11

Disse ter “imensa pena” de perder o “grande amigo” Kwarteng que partilha a sua "visão de colocar " o Reino Unido "no caminho do crescimento”

A primeira-ministra britânica, Liz Truss, invocou esta sexta-feira o “interesse nacional” e a necessidade de estabilidade económica no Reino Unido para demitir o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng. 

“A minha prioridade é garantir a estabilidade económica que o nosso país necessita. Foi por isso que tive de tomar as decisões difíceis que tomei hoje”, explicou numa conferência de imprensa. 

Truss garante que mantém a missão de "elevar os níveis de crescimento económico” do Reino Unido, mas admitiu que, "em última análise, é necessário garantir a estabilidade económica", pelo que teve de "agir no interesse nacional".

Numa declaração inicial, Truss disse ter “imensa pena” de perder o “grande amigo” Kwarteng que partilha a sua "visão de colocar " o Reino Unido "no caminho do crescimento”. 

Para o lugar nomeou Jeremy Hunt, "um dos ministros e parlamentares mais experientes e amplamente respeitados”, o qual será responsável por apresentar o plano fiscal a médio prazo em 31 de outubro. 

De forma a acalmar a volatilidade nos mercados financeiros observada após a apresentação do plano de crescimento económico em 23 de setembro, a primeira-ministra aceitou aumentar de 19% para 25% o imposto sobre as empresas em abril de 2023. 

Esta medida, que estava planeada pelo antecessor Boris Johnson mas que ela prometeu cancelar, vai permitir arrecadar mais 18.000 milhões de libras (21.000 milhões de euros no câmbio atual), adiantou. 

Truss já tinha sido forçada antes a abandonar a abolição do escalão máximo de 45% do imposto sobre os rendimentos, aplicado a ganhos superiores a 150.000 libras (172.000 euros) por ano, poupando também 2.000 milhões de libras (2.300 milhões de euros).  

“É evidente que partes do nosso mini-orçamento foram mais longe e mais depressa do que os mercados esperavam”, admitiu, explicando que foi necessário "agir agora para tranquilizar os mercados quanto à disciplina fiscal” do executivo.

"Faremos o que for necessário para garantir que a médio prazo [o peso da] dívida diminua em relação à economia. Controlaremos a dimensão do Estado para assegurar que o dinheiro dos contribuintes seja sempre bem gasto. O nosso sector público tornar-se-á mais eficiente na prestação de serviços ao povo britânico. E a despesa crescerá menos rapidamente do que anteriormente previsto”, acrescentou. 

A deputada Trabalhista e ministra sombra das Finanças, Rachel Reeves, considerou esta inversão de marcha “humilhante”, mas necessária. 

“Os verdadeiros danos já foram causados a milhões de pessoas normais que agora pagam hipotecas muito mais elevadas e lutam para conseguir pagar as contas”, lamentou.

O partido Liberal Democrata foi mais longe e pediu eleições legislativas antecipadas, acusando Liz Truss de ter “destruído a economia” britânica, com o líder, Ed Davey, a sugerir que está na "altura de o povo ter uma palavra a dizer”.

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