Kwarteng esteve apenas 38 dias no cargo
O ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, foi demitido pela primeira-ministra britância, Liz Truss, confirmou o próprio.
Kwasi Kwarteng partilhou nas redes sociais uma carta endereçada à primeira-ministra britânica, Liz Truss, confirmando a saída do cargo. Na missiva, Kwarteng diz que aceitou o cargo sabendo que a situação enfrentada por Truss era "incrivelmente difícil" devido ao aumento global das taxas de juro e dos preços da energia.
"Contudo, a sua visão de otimismo, crescimento e mudança estava certa", assinala o agora ex-ministro, que nota que o clima económico mudou rapidamente desde que foi desenhado o plano de crescimento do governo britânico, em setembro. "É importante agora, quando seguimos em frente, enfatizar o compromisso do seu governo com a disciplina fiscal", escreve ainda Kwarteng, que conclui com mais um elogio a Truss.
"Fomos colegas e amigos durante muitos anos. Neste período, testemunhei a sua dedicação e determinação. Acredito que a sua visão é a correta", escreve. "O seu sucesso é o sucesso deste país e desejo-lhe felicidades".
— Kwasi Kwarteng (@KwasiKwarteng) October 14, 2022
Kwarteng encurtou uma visita aos Estados Unidos e regressou esta sexta-feira a Londres, onde o governo britânico tem estado sob pressão para alterar o controverso plano de crescimento apresentado em 23 de setembro.
Kwarteng é o ministro com o segundo mandato mais curto registado no Reino Unido, tendo estado apenas 38 dias no cargo. O ministro com o mandato mais curto foi Iain Macleod que, segundo a BBC, morreu de ataque cardíaco 30 dias depois de ter aceite a pasta, em 1970.
O agora ex-ministro das Finanças fez parte da chamada "classe de 2010" e foi eleito para Spelthorne, Surrey, quando os conservadores ganharam o poder nas eleições gerais daquele ano. Foi secretário no governo de Boris Johnson, o que terá sido visto como uma recompensa por apoiar a campanha do antigo primeiro-ministro, e apoiou o referendo do Brexit.
Apoiou ainda a campanha de Liz Truss na corrida às eleições de 2022, chegando a ser descrito como "alma gémea" da primeira-ministra que viria a fazer dele seu ministro das Finanças.
A 23 de setembro, apresentou o mini-orçamento que iria cortar 45 mil milhões de libras (50 mil milhões de euros) das receitas anuais do Estado durante os próximos cinco anos, naquele que seria o maior corte fiscal em meio século.