Livre: Rui Tavares diz que "não é preciso inventar a roda" e insiste num acordo pós-eleitoral à esquerda

Agência Lusa , MM
27 jan, 13:54

Declarações do porta-voz do partido, no XIII congresso, que decorre este sábado e domingo, no Porto

O porta-voz do Livre antecipou este sábado um "caminho estreito" para o partido até às legislativas de março, salientou que "não é preciso inventar a roda" e insistiu num acordo pós-eleitoral à esquerda.

Estas posições foram deixadas pelo deputado único Rui Tavares no seu primeiro discurso no XIII Congresso do Livre, que decorre este sábado e domingo no Porto, no qual o porta-voz antecipou que o partido terá um "caminho estreito" até março.

"O caminho pode ser estreito e é estreito até dia 10 de março porque nesse caminho temos que ser capazes de dizer às pessoas que a escolha está entre uma maioria de progresso, que tenha um contrato social reformado. Ou então temos uma direita cada vez mais radicalizada, numa crise profunda, que precisa de tempo para ser resolvida", considerou.

Numa intervenção de cerca de vinte minutos, Rui Tavares deixou ainda um aviso aos parceiros à esquerda, com os quais já assumiu que quer estabelecer um acordo parlamentar ou até de governação.

"A partir de dia 10 de março não é preciso inventar a roda, o caminho é o das melhores práticas europeias em que há muitos governos que são apoiados por um, dois, três, quatro, cinco partidos, governos constituídos por eles e que funcionam com base num programa negociado", salientou.

O dirigente do Livre insistiu na necessidade de um acordo escrito, "que seja escrutinado".

Apesar dos apelos à união, Tavares deixou algumas críticas aos seus eventuais parceiros, dizendo que existem partidos que até apontam "caminhos que são interessantes e que são de progresso" mas depois querem fazê-lo "fora da União Europeia, ou fora do euro, ou fora de uma economia mista, ou noutro lugar qualquer".

"O que o Livre diz claramente é que o caminho para o país que queremos, começa no país que temos e que o país que temos não é inimigo do país que queremos", defendeu.

Tavares disse ainda que “há partidos que não apontam um caminho para o país, apontam apenas para si mesmos”, numa alusão ao PS.

“Vejam o que nós fazemos, o que nós somos, se tivermos no poder está tudo bem, se for sozinhos melhor ainda, com maioria absoluta melhor ainda”, ironizou.

O historiador continuou, afirmando que “outros dizem ‘nós não faríamos nada de muito diferente mas não somos aqueles’” ou até outros que “apontam um caminho que é para mais baixo, para mais na lama, para mais fundo, para rebaixar a política que nunca levantará o país”, numa alusão ao Chega.

O Livre quer reconquistar a "harmonia social e laboral" na educação e saúde e “resolver a falta de meios na justiça ou na segurança”, propondo também cumprir um dos objetivos do pós-25 de Abril de 1974, “erradicar a pobreza”.

Para isso, o partido defende o aumento do abono de família, um reforço do Complemento Solidário para Idosos (sem detalhar com valores) e um instrumento social novo que designa como “herança social”.

Esta proposta consiste na abertura de uma conta em nome de um cidadão português no momento do seu nascimento, com certificados de aforro do Estado que possam depois ser convertidos em capital entre os 18 e os 35 anos, montante que pode ser utilizado para projetos como a compra de casa ou a constituição de uma empresa.

De regresso ao mesmo local onde o Livre organizou o seu congresso fundador, em 2014, sob o lema “Fazer Pontes”, Rui Tavares deixou um conselho aos cabeças-de-lista do partido que o ouviam no auditório.

“Quando vos perguntarem qual é a diferença do Livre, digam-lhes que é o partido que aponta um caminho de que elas podem fazer parte”, disse, rematando que “ser livre” é poder “entrar de cabeça levantada” num hospital ou num tribunal ou “fazer política sem acrescentar ódio”.

 

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