Sporting-Vizela, 3-2 (crónica)

David Marques , Estádio José Alvalade, Lisboa
12 ago 2023, 22:57

Leão bipolar. E da estrela

Depois de um ano em que faltaram resultados à equipa, os adeptos do Sporting deram tremenda prova de confiança. Na véspera do arranque da Liga, a lotação estava esgotada e, no campo, a equipa de Ruben Amorim não tardou a retribuir essa confiança.

Num intervalo de 82 segundos, Viktor Gyökeres fez dois golos que atestam a tremenda qualidade do avançado sueco e que pareciam lançar o leão para uma noite de futebol arrasador que acabou por não acontecer.

É que, mesmo antes disso, os 13 minutos jogados já mostravam muito Sporting em Alvalade. Em futebol apoiado, em transições rápidas ou em bolas paradas, os leões fizeram mossa de todas as formas e feitios. Quando os jogadores do Vizela ainda procuravam encher os pulmões de ar após um susto, eram novamente postos à prova.

O golo foi protelado apenas até ao minuto 14, quando Gyökeres deu corpo à enorme superioridade dos leões e a seguir deu justiça ao resultado. Nesses dois golos, o 9 dos leões recebeu a bola dos pés de dois jogadores vizelenses. Isso não retira ponta de mérito ao Sporting, avassalador na primeira meia-hora, mas mostra o que a equipa visitante foi durante boa parte da primeira parte: um verdadeiro desastre.

A equipa de Ruben Amorim continuou a criar o suficiente, podia ter feito o 3-0, mas foi demasiado evidente que, gradualmente, levantou o pé do acelerador. Primeiro, a descansar com bola; depois, a deixar que o adversário a tivesse durante mais tempo.

O Vizela já parecia uma equipa diferente. E acentuou essa condição na segunda parte sobretudo porque o Sporting foi a antítese da sua melhor versão.

O regresso dos balneários mais impositivo esfumou-se e os minhotos cresceram sobretudo após as substituições. As de Pablo Villar e as de Ruben Amorim.

Sem Daniel Bragança – saiu ao intervalo após ter sido assistido na primeira parte – o Sporting voltou a adormecer perigosamente. Pior: tornou-se negligente e assustadoramente superável em transições, mostrando que, se é uma equipa diferente da de 2022/23 em muitos aspectos, parece ainda não ter resolvido um problema: a tal bipolaridade identificada pelo seu treinador.

Aos 76 minutos, Essende… acendeu a esperança dos visitantes e, menos de dois minutos depois, Nuno Moreira gelou a casa do clube onde se fez futebolista.

Em choque, a equipa de Ruben Amorim lançou-se para a frente. Mas faltava a energia de Gyökeres e a clarividência necessária para furar um bloco que parecia cada vez mais impenetrável.

Coates, como em tantas outras ocasiões quando Ruben Amorim não tinha avançados no banco a quem recorrer – não foi o caso hoje – acabou o jogo a avançado, mas veio de outro a salvação: obra e graça de Paulinho já para lá dos oito minutos de compensação dados pelo árbitro.

Alvalade celebrou como possivelmente não teria celebrado se o Sporting arrancasse para uma vitória por números expressivos, como parecia ser o destino do jogo ao quarto de hora. Gritos de felicidade. De alívio. Talvez de preocupação, também.

O leão continua bipolar. Mas voltou a ter estrela.

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