“Não, não me demito”, garante o CEO do grupo Global Media

ECO - Parceiro CNN Portugal , Carla Borges Ferreira
10 jan, 06:59
José Paulo Fafe (Lusa)

José Paulo Fafe foi ouvido durante mais de três horas na Assembleia. O CEO da GM reafirma as criticas às equipas de gestão anteriores e garante que não se demite.

José Paulo Fafe, CEO da Global Media “há 117 dias”, reafirma que todas as decisões do grupo foram “aprovadas por unanimidade, sem que na comissão executiva conste nenhum voto contra ou mesmo abstenção“. A comissão executiva é formada por Felipe Nascimento, Paulo Lima de Carvalho e Marco Galinha, e reuniões decorrem no Farol Design Hotel, em Cascais, afirmou esta noite desta terça-feira na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, ouvido por requerimento do Bloco de Esquerda.

“Reafirmo que raro é o dia em que não somos surpreendidos por factos negócios ou procedimentos que denotam a forma leviana e pouco transparente, para não classificar de outra maneira, como este grupo foi geridos nos últimos anos“, afirmou na declaração lida no início da intervenção inicial, repetindo as acusações de dezembro.

Antes da compra, “a due diligence foi feita e assinada por si. “Antes consultei a sociedade gestora do fundo, que disse ‘assine, porque a verdadeira due diligente vamos fazê-la quando entrarmos’. E estamos a fazê-la“, reforça, referindo-se ao “passivo acumulado de quase 50 milhões de euros, dívidas a fornecedores que só apareceram depois da compra. Até já encontramos dívidas de 2,1 milhões em Macau e 700 mil euros em Malta de licenças de jogo online que nunca funcionaram”, dá como exemplo.

“Deviam ter chamado Proença de Carvalho, que saiu da presidência da Global Media em 2020. É na administração do dr. Proença de Carvalho que foi vendida a sede do DN e do JN e o dinheiro não foi investido em reestruturação do grupo ou no pagamento de dívidas. Foi torrado. Aí sim, atrevo-me a dizer que a gestão foi danosa. Durante o consolado do dr. Proença de Carvalho”, atira.

“Não estou a apontar responsabilidades ao dr. Proença de Carvalho, mas a essa administração, onde havia um CEO que ganhava 500 mil euros por ano. Houve uma gestão muito pouco transparente, para não dizer danosa”, continua José Paulo Fafe.

Sobre quem está por detrás do fundo, a resposta foi a já dada. “Não sei quem são os detentores das unidades de participação de um fundo, nem tenho que saber. Sei com quem falei da sociedade gestora desse fundo, a UCAP. Quando se subscreve um fundo, não se pede a identificação dos depositantes, quando muito quero saber quem gere o fundo. Normalmente são bancos, como a UCAP, que é uma entidade financeira bancária. Não sei quem são os depositantes”, repetiu, salientando que “há uma coisa que a sociedade gestora já transmitiu e que foi dito à ERC, é que nenhum depositante do World Opportunity Fund possuiu uma unidade de participação superior aos 5%”.

A forma como se dá o encontro com a gestora do fundo, revelada em entrevista ao +M/ECO no início de dezembro, foi também repetida aos deputados, bem como o recuo do negócio da Lusa – agora acrescentando ter sido surpreendido pelo social democrata Hugo Soares, que lhe terá dado a entender que “não seria bem assim” – e a alegada intervenção do Presidente da Republica. “Faltou ao ministro da Cultura coragem”, acusa.

O envolvimento de Luís Bernardo, diz, dá-se após ser mandatado pelo fundo para avançar com o projeto para o grupo. “É uma pessoa em quem tenho confiança, com quem tenho uma boa relação e que tem provas dadas na montagem de projetos semelhantes”, diz, acrescentando como exemplos que “trabalhou com o Eng. Paulo Fernandes na compra da Media Capital, depois ficou a trabalhar com a Media Capital, fez um grande trabalho no Benfica a nível digital e é um dos responsáveis pelo lançamento da CNN Portugal“, aponta.

O CEO reforça que o fundo que controla o grupo já investiu 10,25 milhões de euros no grupo. “Sete milhões pela compra da posição nas Páginas Civilizadas, pagas em duas tranches, e os restantes 3,25 milhões foram investidos nestes últimos três meses“, garante.

Quanto aos ordenados em atraso, José Paulo Fafe diz que teve a “promessa” de uma transferência para pagar os salários. “Ontem [segunda-feira] tive uma reunião com fundo e tive promessa de até início da semana de uma transferência que pague os salários que estão em atraso”. Mas, “também tive a promessa do fundo de analisar a hipótese de fazer um pacote de ajuda extraordinária à Global Media”, acrescentou, referindo que o fundo contava investir na reestruturação mas não em ordenados.

“Não, não me demito. Nunca virei a cara a nada na vida e não viro agora”, garantiu. “Peço imensa desculpa a quem me quer ver pelas costas, mas vão ter que levar comigo. Até eu decidir” respondeu quando questionado sobre a sua permanência no grupo.

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