"Há um pressuposto que nos separa". Carneiro distancia-se de Pedro Nuno e não "demoniza" o centro político

Wilson Ledo , Com HCL
22 nov 2023, 23:30

Candidato lançou ainda farpas ao rival na liderança socialista, Pedro Nuno Santos, referindo-se a uma declaração de 2011 onde dizia estar a "marimbar-se" para os credores. Não é um ataque, diz, "são princípios"

José Luís Carneiro, candidato à liderança do Partido Socialista, sublinhou esta quarta-feira que “não demoniza o centro político e social”, distanciando-se assim da posição demonstrada pelo rival nas eleições internas do partido, Pedro Nuno Santos, que assumiu uma “radicalização” do PSD após os acordos de governação na Madeira que incluíram o Chega.

O ainda ministro da Administração Interna defende que Pedro Nuno Santos fez um “grande esforço” para admitir diálogo à direita, mas que “há um pressuposto que nos separa: eu não demonizo o centro político e social”.

"Esse espaço do centro moderado", argumenta, deu maiorias tanto a governos como a Presidentes da República, sendo "essencial ao equilíbrio do país" e "é a disputa do centro político que permite ganhar as eleições no país".

Carneiro lançou ainda farpas ao ex-ministro das Infraestruturas sobre a necessidade de honrar as contas nacionais, referindo-se a uma declaração de Pedro Nuno em 2011, onde dizia estar a "marimbar-se" para os credores. “Trata-se da afirmação de princípios que são básicos à organização da sociedade”.

Mas rejeita um ataque formal e se perder as eleições internas, afirma que irá apoiar Pedro Nuno Santos. "Todos somos camaradas. Depois das eleições, temos o dever de cooperarmos e trabalharmos em conjunto".

Carneiro, que descarta partir em desvantagem para a corrida interna no PS, refere estar “convencido que estamos a criar condições para ganhar eleições e para colocar os valores do PS e os seus princípios ao serviço do país”. 

Já sobre o carisma de Pedro Nuno Santos, Carneiro reflete que é um atributo que “vence nos resultados eleitorais”. “Quero dizer que o meu carisma se provou com uma eleição que ganhou com 50, outra com 68, outra com 71,5. Fui dos mais votados no país. O carisma vence nas eleições. E afirma-se na forma como estamos no exercício das nossas funções”, acrescenta.

"Ampla maioria"

No horizonte eleitoral, José Luís Carneiro sublinha estar convencido de que será possível ter uma “ampla maioria” para o PS, conquistando uma “ampla maioria que dê capacidade de decisão e autonomia para decidir”. 

E sobre a possibilidade de se avançar com uma geringonça à esquerda, cenário que Pedro Nuno Santos assumiu esta terça-feira, o candidato detaca que é “normal que no desenho das políticas”. “Todos conhecem a minha capacidade de diálogo e construção de consensos”, "para encontrar as soluções a cada momento". Sem serem precisas geringonças? "Essa questão colocar-se-á depois das eleições".

José Luís Carneiro salienta que o País está “a viver um momento muito complexo” e que “entendeu que era importante haver uma candidatura que pudesse representar o grande espaço político que constitui a base do PS”.

O socialista diz que o desejo de ser primeiro-ministro não era uma questão que se tivesse colocado antes deste contexto de crise político. “Não pensei [que podia ser substituto de Costa], nem sequer essa questão se colocava. Muito longe estaríamos todos de imaginar que íriamos ter um desfecho desta natureza”, completa.

E lembra a "proximidade" para com os portugueses enquanto era secretário de Estado das Comunidades, marcando presença em "circunstâncias muito difíceis".

Carneiro lembra quando contribuiu para a libertação de dois jovens "sem culpa formada" que estavam detidos na Venezuela. "Quando consegui dar o meu contributo para a vida desses jovens, foi quando tive a consciência mais aguda ainda que estar na vida política faz a diferença".

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