Juiz iliba porteiro de escola de assédio sexual porque apalpão a aluna de 17 anos durou apenas "uma mão cheia de segundos"

CNN Portugal , ARC
13 jul 2023, 21:22
Roma, Itália

Em Itália, um juiz ilibou um homem de 66 anos depois daquele ter apalpado uma aluna, apenas porque o gesto durou entre cinco e dez segundos. A decisão está a gerar polémica no país

Admitiu em tribunal ter apalpado uma estudante de 17 anos e foi ilibado porque a agressão durou apenas “entre cinco e dez segundos”. Em Itália, um juiz considerou que a agressão sexual do porteiro de uma escola, com 66 anos, foi demasiado curto para ser considerado crime.

A decisão está a provocar indignação entre os italianos e nas redes sociais onde circulam comentários recorrendo às palavras “palpata breve” (apalpão curto em português) e à hashtag #10 secondi (10 segundos). Ao movimento estão também a aderir figuras conhecidas como a influencer Camilla Pagliarosi e o ator da série The White Lotus, Paolo Camilli, que deu início aos vídeos, tocando nas partes íntimas e cronometrando com o telemóvel.

Tudo aconteceu em abril de 2022, quando a jovem, acompanhada de uma amiga, subia as escadas da sua escola, em Roma, e sentiu as calças escorregarem, bem como um par de mãos a tocar-lhe nas nádegas. “Amor, tu sabes que eu estava a brincar”, terá respondido Antonio Avola, o porteiro, quando esta se virou. 

A rapariga apresentou queixa e o homem de 66 anos foi a julgamento acusado de assédio sexual, onde terá confessado o sucedido e garantido que foi uma “brincadeira”. Os procuradores esperavam uma condenação de três anos de prisão, mas Antonio Avola acabou ilibado. 

Apesar das declarações da jovem terem sido aceites como credíveis, o juiz considerou que tudo não passou de uma “manobra desajeitada do réu” enquanto estava em movimento. O acórdão manifesta ainda “dúvida” relativamente à “natureza voluntária da violação da liberdade sexual da rapariga”, referindo que o toque durou apenas “uma mão cheia de segundos”.

“Isto não é justiça”, reagiu a adolescente, citada pelo Corriere della Sera, acrescentando que “uma brincadeira é algo partilhado entre duas pessoas”. “Sinto-me traída - primeiro pela escola, onde aconteceu e agora pelo tribunal.”

Também Luisa Rizzitelli, coordenadora da One Billion Rising em Itália, uma campanha de combate à violência sexual contra mulheres, reagiu à decisão do juiz: “A interpretação do tribunal de que foi uma agressão sexual é completamente errada e extremamente prejudicial." Citada pelo The Guardian, garantiu ainda que “o facto de ter sido uma brincadeira e de ter durado apenas cinco ou dez segundos não tem importância - foi assédio sexual e deve ser tratado dessa forma”.

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