Países islâmicos denunciam repetida queima do Corão na Suécia e Dinamarca

Agência Lusa , WL
31 jul 2023, 17:47
É o maior Corão do mundo e foi desenhado à mão

Livro sagrado tem sido queimado em frente a embaixadas de países de maioria muçulmana

Os chefes de diplomacia dos 57 países membros da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) reuniram hoje para denunciar a repetida queima de exemplares do Corão na Suécia e na Dinamarca.

“Condenamos nos termos mais fortes os repetidos ataques contra o sagrado Corão e confirmamos que esses atos provocatórios não são aceitáveis sob nenhum pretexto", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, durante o seu discurso de abertura da reunião.

Este diplomata acrescentou que a queima de exemplares do Corão nas últimas semanas em frente a embaixadas de países de maioria muçulmana na Suécia e na Dinamarca não pode ser considerada um ato de liberdade de expressão.

“A liberdade de expressão deve ser um valor ético que garanta a coexistência, e não o espalhar da violência, ódio e choque entre civilizações”, argumentou Bin Farhan.

A reunião de emergência da OIC - convocada por proposta da Arábia Saudita e do Iraque e que aconteceu à porta fechada - começou com o recitar de um versículo do Corão que se refere à convivência entre pessoas.

O chefe da diplomacia saudita desejou que o encontro tivesse "resultados proveitosos para acabar com estes atos instigadores", apelando à comunidade internacional para "rejeitar tudo o que gere ódio e violência" e qualificando de extremismo a queima de exemplares do livro sagrado muçulmano.

Bin Farhan também pediu aos estados-membros da OIC que "tomem medidas práticas para resistir a esses ataques" e para que "se coordenem e se integrem com as partes internacionais para defender os valores de tolerância e paz e para mostrar a verdadeira imagem do Islão".

O secretário-geral da OIC, Husein Ibrahim Taha, também manifestou a necessidade de "tomar medidas para travar estas ações instigadoras" e lembrou que a organização "enviou mensagens claras a estes governos (Suécia e Dinamarca) para que tomem as medidas necessárias para pôr fim a esta escalada".

O líder da organização islâmica lamentou que as autoridades suecas e dinamarquesas tenham permitido esses atos "sob o pretexto da liberdade de expressão".

“Peço às autoridades suecas e dinamarquesas que reconsiderem a seriedade de provocar os sentimentos dos muçulmanos em todo o mundo”, disse Ibrahim Taha, que garantiu que a OIC “fará todo o possível para pôr fim a esses atos”.

Este fim de semana, a Dinamarca e a Suécia anunciaram que deseja limitar possíveis novas manifestações que conduzam a profanações do Corão, alegando problemas de segurança recentes.

Várias manifestações recentes na Suécia ou na Dinamarca envolvendo a queima ou outras profanações do livro sagrado muçulmano aumentaram as tensões diplomáticas entre estes dois países e o Médio Oriente.

Durante um telefonema que Taha recebeu no domingo do chefe da diplomacia da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, na véspera da reunião de emergência dos 57 países muçulmanos, o líder da OIC apelou à Dinamarca para que tome medidas para impedir a queima de exemplares do Corão, anunciou hoje a organização.

A OIC disse que na conversa com Rasmussen, Taha criticou os “repetidos incidentes de profanação de cópias do livro sagrado do Corão e de símbolos islâmicos sob o pretexto da liberdade de expressão”.

Dois homens queimaram hoje uma cópia do Corão durante uma manifestação em frente ao Parlamento em Estocolmo, noticiou a agência de notícias AFP, num caso que se assemelha a outros recentes no país.

Salwan Momika e Salwan Najem pisaram uma cópia do Corão, como haviam feito no final de junho durante uma manifestação em frente à principal mesquita de Estocolmo, antes de a incendiar.

Os dois homens organizaram uma manifestação em 20 de julho em frente à embaixada iraquiana em Estocolmo, durante a qual pisotearam uma cópia do Corão, mas não o queimaram.

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