Havelange desconhece contrato Nike-CBF

9 nov 2000, 21:13

Antigo presidente da FIFA foi à CPI

João Havelange, presidente honorário da FIFA, apresentou hoje o seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Deputados do Brasil e garantiu que nunca teve acesso ao contrato assinado entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Nike. O antigo dirigente chegou a irritar-se com algumas perguntas dirigidas pelos deputados. 

«A FIFA não tem conhecimento de nenhum acordo envolvendo as suas federações filiadas», afirmou o antigo presidente. «Por isso, não irei opiniar sobre esse assunto. Posso é dizer que nenhum país tem um contrato assinado no mesmo valor que o Brasil tem com a Nike e isto é louvável», acrescentou o antigo dirigente. 

João Havelange defendeu sempre o mandato do seu ex-genro Ricardo Teixeira durante os dez anos em que foi presidente da CBF. O antigo presidente da FIFA menospreza o facto de o público nos estádios ter decaído na «era Teixeira» e salienta o facto do Brasil liderar o «ranking» da FIFA há seis anos. «Durante esse periodo o futebol brasileiro foi valorizado, isso diz tudo». 

O antigo dirigente põe em causa, inclusive, a realização do inquérito que considera um «vexame». «Nunca existiu um inquérito como este que estão fazendo aqui no Brasil. A CBF é a maior Confederação do futebol internacional e, além disso, é muito bem dirigida por Ricardo Teixeira», defendeu Havelange. 

Ao fim de quase três horas na Câmara de Deputados, João Havelange reagiu com indignação quando um deputado, Pedro Celso, recorrendo a reportagens publicadas em jornais da época, sugeriu a existência de ligações de Havelange com o negócio de venda de armas ao governo militar argentino na década de setenta. 

«Eu não vim para ser maltratado desta maneira. Este tipo de inquérito é uma indignação, uma desfaçatez e um desrespeito», disse Havelange visivelmente transtornado.

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