Há machismo na Câmara de Viana do Castelo? Bloco de Esquerda diz que sim

Agência Lusa , IV
15 mai, 16:37
As novas cores de Viana do Castelo

A distrital do Bloco de Esquerda de Viana do Castelo criticou a exposição 'Mulher, Amor e Flor' da Viana Florida, alegando que promove o machismo ao retratar as mulheres como cuidadoras e donas de casa. A Câmara Municipal retirou um painel que gerou polêmica, mas o BE argumenta que a exposição reflete um machismo estrutural na sociedade.

A distrital do Bloco de Esquerda (BE) de Viana do Castelo acusou hoje a Câmara de Viana do Castelo de promover o machismo na iniciativa Viana Florida que está a decorrer até final do mês em vários espaços da cidade.

Em causa está a exposição “Mulher, Amor e Flor”, integrada no programa da Viana Florida, promovida pelo pelouro do Ambiente, patente até final do mês, no jardim público da cidade.

Num dos painéis que compõem a exposição, retirado, na terça-feira, pela câmara, podia ler-se a frase: “Mesmo que se diga que, por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher, na realidade, é a partir do poder feminino da reconciliação, do criar e gerir, que nasce um grande homem”.

Na fotografia que ilustrava o painel da visita podia ver-se Américo Tomás, último presidente da República do Estado Novo, com a esposa Gertrudes, em 1959, durante uma visita a Viana do Castelo.

Questionada pela agência Lusa, a autarquia respondeu por escrito com a posição do presidente da Câmara de Viana do Castelo. Luís Nobre, considera que “apesar de [na fotografia] não estarem identificadas as pessoas”, a autarquia “compreende a situação e para não criar interpretações dúbias, optou por retirar a foto em causa”.

Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, intitulado “o machismo saiu à rua e vestido de flores” o BE, “que se tem batido pela igualdade de género, contra o machismo, a misoginia e o patriarcado, condena esta visão que a Câmara Municipal de Viana do Castelo tem da mulher, como também o facto de utilizar uma imagem que revisita uma altura em que as mulheres não tinham quaisquer direitos”.

“Mulher não é sinónimo de dona de casa, mulher não é sinónimo de cuidados, mulher não é sinónimo de flor, mulher não é sinónimo de criadora, mulher não é candura. As mulheres não querem flores, querem direitos”, sustenta.

Para o partido, “não deixa de ser surpreendente que, volvidos 50 anos do 25 de Abril, num espaço de menos de dois meses as mulheres terem sido remetidas à sua posição de cuidadoras e donas de casa, várias vezes”.

Segundo o BE, a exposição “Mulher, amor e flor”, “demonstra como ainda temos um longo caminho pela frente no que toca ao machismo estrutural da nossa sociedade, que remete a mulher para um papel de candura e recato como em tempos passados”.

O presidente da câmara considera que esta “situação não deveria ser de arremesso político”.

“A intenção da exposição é de valorizar a mulher e o seu papel na sociedade, ao longo dos tempos. A posição do Bloco de Esquerda subverte e faz uma leitura oposta ao que se pretendia, o que é de lamentar”, frisa o autarca socialista.

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