Barcelona acusado de suborno no «Caso Negreira»

28 set 2023, 11:20
Barcelona responde a Caso Negreira (Foto Alejandro Garcia/EPA)

Juiz de instrução considera que Negreira exerceu «funções públicas»

O juiz de instrução do «Caso Negreira» atribuiu o crime de suborno ao Barcelona, assim como aos dois ex-presidentes do clube Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, além de José María Enríquez Negreira e o seu filho.

Joaquín Aguirre, chefe do Tribunal de Instrução número 1 de Barcelona, considerou no despacho - a que o AS e outros jornais espanhóis tiveram acesso esta quarta-feira - que os pagamentos a Negreira constituem um suborno, uma vez que a Federação Espanhola de Futebol, onde está inserido o organismo que lidera a arbitragem, exerce funções de natureza pública.

Enquanto vice-presidente do organismo, Negreira «participou no exercício de funções públicas», refere o despacho. Até aqui, a investigação atribuía aos envolvidos um crime de corrupção na área desportiva.

No documento, o juiz destaca que os pagamentos ao antigo árbitro e ao filho aumentaram de 70 mil euros anuais para quase 700 mil ao longo de 18 anos. Joaquín Aguirre lembrou que um árbitro deve «ser imparcial e ter tratamento equitativo com todas as equipas» e, por isso, «é incompatível» que receba estes pagamentos de um clube. «Mesmo que uma ou mais equipas também tivessem feito pagamentos semelhantes, a conduta do Barcelona continuaria a mostrar sinais de crime.»

O juiz entende, portanto, que, «por dedução lógica», estes pagamentos «satisfizeram os interesses do clube», mesmo que as decisões dos árbitros não tenham sido compradas.

«O crime de suborno foi consumado uma vez efetuado o pagamento, comprovada ou não a corrupção sistémica da arbitragem espanhola», refere ainda o despacho.

Aguirre também recordou a carta enviada por Negreira a Bartomeu, que presidia ao clube em 2018, quando este quis pôr fim ao acordo e o antigo árbitro «indicou-lhe, no essencial, que se não continuasse a ser pago revelaria uma série de factos que poderiam prejudicar gravemente o clube». Assim, entende o juiz, Negreira «tinha conhecimento, em maior ou menor grau, da ilegalidade das suas ações, e mesmo de outros atos até agora desconhecidos».

Ao longo de quase duas décadas, Negreira recebeu bilhetes de época do Barça, assim como 7,5 milhões de euros. O antigo árbitro alega que os pagamentos se deviam a «assessoria técnica» prestada aos catalães.

Relacionados

Patrocinados