O campeão mais precoce da história da Bundesliga ainda tem muitos máximos para fixar até maio
Foi adequado que a confirmação do título de campeão mais precoce da história da Bundesliga chegasse invulgarmente cedo. Ainda não tinha passado 15 minutos no relvado do Olímpico de Berlim, já o Bayern vencia por 2-0, garantindo os pontos que o separavam do
24º título de campeão
da sua história – o 23º desde que há Bundesliga, há 50 anos.
Nunca antes uma equipa alemã festejara o título em março
: o anterior recorde de precocidade, 6 de abril, já tinha sido fixado por este mesmo Bayern, há um ano. O líder era Jupp Heynckes, que como jogador e técnico tem uns quantos recordes no cinturão. Nessa altura faltavam seis jornadas para o fim, e pensava-se que não haveria muito a melhorar. Mas, agora,
a festa bávara começou a sete jogos da meta
: mais um recorde para o caminho, e é melhor começar a tomar notas, porque a lista não vai acabar tão cedo.
A vitória em Berlim ficou-se pelos 3-1
e foi a 19ª consecutiva
da equipa de Guardiola, ampliando um recorde que já tinha estabelecido no ano em curso. Graças ao empate entre Dortmund e Schalke,
a diferença para o segundo classificado fixou-se agora em 25 pontos
– está igualado o máximo histórico que a equipa de Heynckes estabeleceu há um ano, mas não custa admitir que nas sete jornadas em falta a diferença vai continuar a aumentar, até porque dentro de três semanas o
Dortmund ainda tem de visitar Munique
.
Se o Bayern já era uma máquina insaciável com Heynckes, é indiscutível que o efeito Guardiola se traduziu em afinações que pareciam impossíveis. O técnico catalão conquistou nesta terça-feira
o 17º troféu da carreira em 23 competições disputadas
, tendo ainda mais dois (Taça e Liga dos Campeões) na mira. No Barcelona, Pep conseguiu 14 títulos em 19 possíveis, no Bayern vai com três em quatro: em agosto perdeu para o Dortmund a Supertaça da Alemanha, no primeiro jogo oficial da época, mas depois conseguiu a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes.
Claramente favorito no embate dos quartos de final da Champions, com o Manchester United, o Bayern vai continuar a recorrer aos números para manter os níveis de motivação, daqui até maio. Os bávaros precisam de
cinco vitórias para fixar um novo máximo de pontos
(91, conseguido pela equipa de Heynckes). Se as conseguirem, tornam-se também a primeira equipa na história da competição a somar
30 triunfos numa época
.
Vitórias e pontos à parte, o objetivo mais sonante poderá passar pelo
primeiro título sem derrotas
na história do futebol alemão – em 1986/87 e em 2012/13 sofreu apenas uma, que nesta altura não se antecipa de onde passa vir. Mais difícil, mas ainda acessível, será o
recorde de golos
marcados numa temporada: em 1971/72, o Bayern tornou-se a primeira e única equipa a quebrar a barreira dos cem (
marcou 101
). Com 79 em 27 partidas, média de 2,92 por jogo, a equipa de Guardiola ainda lá pode chegar, desde que marque 23 (um pouco mais de três por jogo) nas rondas em falta. E se esse será o alvo a atingir por Mandzukic, Müller, Robben e Ribéry, também Neuer, Lahm, Dante e companhia têm a história ao alcance:
sofreram 13 golos
até agora, têm o mínimo histórico de 18 como fasquia até final da Liga. Tal como podem ser melhoradas as séries de 62 jogos consecutivos a marcar e de 52 jogos sem derrota.
Numa competição que, ainda há bem pouco tempo se orgulhava do equilíbrio e da imprevisibilidade dos resultados (que permitiu ter cinco clubes campeões em dez anos) não há memória de uma supremacia tão acentuada. E, para além do sucesso desportivo, a saúde financeira do Bayern também vai deixando os rivais a perder de vista. A tal ponto que vários observadores começam a defender a necessidade de introduzir um teto salarial para nivelar a concorrência. A tendência, para já, é para aumentar ainda mais o volume de receitas, num clube que se prepara para reforçar outro recorde que já é seu, completando a
oitava temporada seguida sempre com lotações esgotadas
– em casa e fora.
