«Vamos mostrar quem manda»: FC Porto-Boavista, o dérbi do ‘1x2’

29 out 2021, 09:36
FC Porto-Boavista (FOTO: Mário Silva)

Axadrezados visitam pela 59ª vez o vizinho azul e branco para o campeonato nacional e só venceram duas vezes. No sábado há mais promessa de chuva e muita luta na relva

A História de Um Jogo é uma rubrica do Maisfutebol. Escolhemos um dos encontros do fim de semana e partimos em busca de histórias e heróis de campeonatos passados. Às quinta-feiras, de 15 em 15 dias.

O dérbi em que se grita «carago!» de forma mais carregada volta a jogar-se na I Liga. Há FC Porto-Boavista e a certeza de mais um capítulo carregado de precipitação, não fosse este o «jogo em que chove sempre».

No Dragão, sábado e à hora do chá, os dragões estão obrigados a ganhar para superar o trauma da eliminação da Taça da Liga e os axadrezados pretendem, no mínimo, repetir o empate da temporada anterior.

O registo é claro: em 58 jogos para o campeonato nacional na casa do vizinho azul e branco, o Boavista só ganhou duas vezes. Uma em 1998 e outra em 2004.

Há muitos atletas que podem contar aos filhos, e aos netos, que jogaram o dérbi dos dois lados. Pouco, porém, terão estado tantas vezes em campo neste duelo como Mário Silva: o antigo lateral esquerdo jogou o dérbi 12 vezes pelo Boavista e três pelo FC Porto, fora aqueles que disputou nas camadas jovens.

O Maisfutebol pede ao agora treinador para escolher o mais marcante desses 15 jogos. A resposta sai pronta: «Escolho um dérbi por cada clube. Ganhei uma Supertaça pelo Boavista contra o FC Porto e ganhei uma Supertaça pelo FC Porto contra o Boavista. Esses são os dérbis especiais para mim, porque acabei-os com um troféu na mão.»

Mário Silva refere-se às supertaças de 1997 – 2-0 no Bessa e 1-0 para o FC Porto nas Antas, quando a prova se jogava a duas mãos – e de 2001 – 1-0 para os dragões num jogo em Vila do Conde.

A marca granítica, de raça e lábios trincados é, garante Mário Silva, inegociável.

«É um jogo de ‘1x2’. A rivalidade existe e nesses tempos em que eu jogava estava ao rubro. É um jogo sempre especial, sente-se qualquer coisa diferente no balneário e mesmo nas ruas da cidade.»

Mário lembra os gritos de guerra e a vontade de ser «o mais forte da Invicta», mesmo que só em 90 minutos.

’Nós vamos mostrar que somos melhores do que eles’, ‘nós vamos mostrar quem manda’. Ninguém quer perder estes jogos, mesmo que em determinadas épocas haja menos equilíbrio.»

Jogador do Boavista de 1995 a 2000 e de 2006 a 2008, Mário reconhece que há diferenças estruturais e históricas entre o emblema do Bessa e o FC Porto, clube que representou de 2001 a 2004 como atleta, vencendo uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões.

«O Boavista é um grande clube nacional, um clube campeão português e que já esteve na Liga dos Campeões, mas que nunca ganhou um troféu internacional. O FC Porto é uma equipa de grande nível mundial, campeão europeu e do mundo.»

A partir de fora, Mário Silva pede «um jogo bonito» e com «as equipas soltas».

«Nós, enquanto treinadores, vamos sempre muito para o lado estratégico do jogo. Mas como adepto gosto de ver uma partida com muitas oportunidades e muitos golos, com espetacularidade.»

Naturalmente com chuva; naturalmente com frio; naturalmente com as gargantas aquecidas e roucas pela paixão; naturalmente com um fino, uma bifana ou um cachorro – mesmo que jogado à hora do chá.

Naturalmente, o 59º FC Porto-Boavista para o campeonato nacional da primeira divisão.

BOAVISTA-FC PORTO: 2-0

Ficha de Jogo:

Estádio do Bessa, 15 de agosto de 1997
Árbitro: Vítor Pereira

BOAVISTA: Ricardo; Paulo Sousa, Litos, Rui Bento e Mário Silva; Tavares, Hélder e Luís Carlos (Quevedo, 15); Latapy (Timofte, 46), Rui Miguel (Jorge Couto, 68) e Kwame Ayew.

Treinador: Mário Reis

FC PORTO: Rui Correia; Neves (Capucho, 63), Lula, João Manuel Pinto e Rui Jorge (Artur, 63); Barroso e Paulinho Santos; Sérgio Conceição, Rui Barros e Folha (Drulovic, 63); Mário Jardel.

Treinador: António Oliveira

Golos: Kwame Ayew (59) e Timofte (62)

VÍDEO: Mário Silva na Supertaça de 1997 (imagens RTP)

FC PORTO-BOAVISTA: 1-0

Ficha de Jogo:

Estádio dos Arcos, 4 de agosto de 2001
Árbitro: Martins dos Santos

FC PORTO: Ovchinnikov; Ibarra, Jorge Costa, Jorge Andrade e Mário Silva; Paredes e Fredrik Soderstrom; Capucho, Deco (Rafael, 86) e Clayton (Rubens Júnior, 69); Pena.

Treinador: Octávio Machado

BOAVISTA: Ricardo; Rui Óscar, Jorge Silva (Mário Loja, 70), Pedro Emanuel e Quevedo; Glauber (Pedro Santos, 66) e Frechaut; Duda, Erwin Sanchez e Martelinho (Serginho Baiano, 46); Elpídio Silva.

Treinador: Jaime Pacheco

Golos: Ricardo (22, pb)

VÍDEO: Mário Silva na Supertaça de 2001 (imagens RTP)

Patrocinados