Vladimir Kalyuzhny desligou chamada com o Washington Post, um "media inimigo", após notícias que revelam plano secreto da Rússia e da China para a Crimeia

24 nov 2023, 11:57
Serviços secretos ucranianos destroem o tabuleiro da ponte de Kerch, que liga a Crimeia ao território da Rússia (AP Photos)

Em causa está a construção de um túnel subaquático. Vladimir Kalyuzhny é um oligarca russo que apareceu mencionado neste plano

Membros executivos de empresas chinesas e russas (ligadas ao Kremlin) têm mantido reuniões secretas que visam a construção de um túnel subaquático entre a Rússia e a região ocupada da Península da Crimeia, na Ucrânia.

A notícia é do jornal norte-americano Washington Post, que cita o conteúdo de comunicações intercetadas pelos serviços secretos ucranianos.

O projeto visa a construção de um túnel subaquático entre as duas regiões, criando assim uma rota protegida de eventuais ataques da Ucrânia.

As conversações ocorreram em outubro e foram motivadas pelas preocupações russas perante as fragilidades da ponte, com mais de 15 quilómetros, do Estreito de Kerch. Uma infraestrutura crítica para o esforço logístico moscovita e que já atingida por explosões ucranianas em duas ocasiões.

Será possível uma obra desta envergadura num cenário guerra?

Os especialistas militares e em engenharia, consultados pelo Washington Post, dizem que construir um túnel subaquático ao lado da ponte já existente iria custar vários mil milhões de euros, demoraria anos até estar finalizada e, por fim, é seria algo que nunca foi sequer tentado num cenário ativo de guerra.

Do ponto de vista estratégico, e sem ter em conta a viabilidade do projeto, os especialistas norte-americanos garantem que existem razões claras para a Rússia perseguir este sonho logístico.

As informações têm por base e-mails intercetados pelos serviços secretos de Kiev e agora partilhados com o Washington Post. A intenção dos militares ucranianos era expor o projeto e o potencial envolvimento da China.

Além das inúmeras referências a reuniões com delegações chinesas na Crimeia durante as últimas semanas, um dos nomes referidos é o de Vladimir Kalyuzhny, um oligarca russo identificado como diretor-geral de um consórcio russo-chinês especializado no ramo da construção.

Contactado pelo Washington Post, Kalyuzhny disse que este é um tema que tem o propósito único de chamar atenção, reiterou que não iria providenciar qualquer informação a um “media inimigo” e, abruptamente, desligou a chamada.

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