Esta família morreu a fugir dos arredores de Kiev. Não foi a única

6 mar 2022, 15:49

Família ucraniana era uma de muitas em fuga de Irpin, nos arredores de Kiev. Os autocarros escolares em que entraram para fugir foram bombardeados. Pai, mãe e criança morreram perto de um monumento pelos soldados que morreram na Segunda Guerra Mundial

Aviso: este texto contém imagens que podem chocar 

As fontes oficiais contabilizam os números de civis mortos – 364 confirmados até meio desta tarde de domingo -, mas são as histórias particulares que fazem visualizar a tragédia humana. Como o relato desta família, que morreu este domingo quando estava em fuga de Irpin, nos arredores de Kiev.

A história está contada com detalhe no Wall Street Journal: quando uma fila de comboios escolares, que estavam a ser usados por civis para fugir de Irpin, foi bombardeada por artilharia russa, as pessoas entraram em pânico, gritaram, deitaram-se no chão, fugiram para os bosques, muitos ficaram feridos. Uma família morreu. Os corpos do pai, mãe e criança caíram cadaverizados “perto de um monumento a soldados locais que morreram combatendo contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. A sua mala cinzenta permaneceu perto deles, intocada pelos rebentamentos”.

As imagens dos corpos foram captadas por fotógrafos da AP.

Pai, mãe e criança. Uma família foi morta este domingo por bombardeamentos russos enquanto escapava de Irpin, nos arredores de Kiev. Fotografia: AP Images/Diego Herrera Carcedo

Os ataques a alvos civis são considerados crimes de guerra e a Rússia insiste que não está a fazê-lo. As imagens, as notícias e as denúncias da Ucrânia contradizem esta versão.

Desde o início da guerra, já morreram 364 civis e 759 ficaram feridos, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Veja aqui o balanço do 11.º dia de conflito, que começou com uma nova tentativa de evacuação da cidade de Mariupol, depois da violação russa da primeira evacuação, no sábado. 

Esta nova tentativa também fracassou, com as tropas russas a não cumprirem com o cessar-fogo temporário. A Câmara Municipal de Mariupol pretendia retirar cerca de 400 mil habitantes, mas foi a própria entidade que horas depois denunciou o desrespeito do cessar-fogo por parte das forças russas, que mantiveram os bombardeamentos na cidade.

O dia começar com novos alertas de ataques russos nas cidades de Odessa e Dnipro, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a prever um "crime de guerra histórico". 

A cerca de 140 quilómetros a noroeste de Kiev, a zona residencial em Zhytomyr foi atingida por bombardeamentos que destruíram cerca de 30 casas. Num outro ataque, em Korosten, cidade a sul de Ovruch, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas, dez casas foram destruídas e um prédio foi incendiado, tendo cinco crianças sido resgatadas de uma cave. As forças russas atacaram e desativaram ainda a base aérea militar de Starokostiantyniv, em Oblast. O ataque terá sido feito através de armas de alta pressão de longo alcance, tendi sido abatidos 10 aviões e helicópteros.

O papa Francisco lamentou este domingo os "rios de sangue e lágrimas" derramados na Ucrânia após a invasão russa e pediu o estabelecimento de corredores humanitários.

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