A morte de Andrii “Juice” Pilshchykov: “não era um herói de guerra”, era "famoso" porque tinha "bom aspeto" - Agostinho Costa; "era um ás, um piloto de elite" - Isidro Morais Pereira

CNN Portugal , ARC
28 ago 2023, 15:18
Andrii Pilshchykov, conhecido como "Juice" (CNN Internacional)

“Juice”, o famoso piloto da Força Aérea ucraniana, morreu no sábado vítima de uma colisão entre duas aeronaves na região de Zhytomyr

Era um herói de guerra ou não era um herói de guerra? Era experiente ou não era experiente? Há quem responda sim a ambas as perguntas e há quem o faça com um não. 

Opinião 1:

“‘Juice’ era uma piloto ucraniano como muitos outros”, diz o major-general Agostinho Costa. Já pertencia à Força Aérea da Ucrânia e encontrava-se “em formação” para pilotar os F-16, explica o especialista em assuntos de segurança, quando o acidente fatal aconteceu e o vitimou juntamente com outros dois colegas nos L-39.

Opinião 2:

“Um piloto muito experiente, um ‘ás’, um piloto de elite.” É assim que, contrariamente ao que refere Agostinho Costa, Isidro Morais Pereira descreve Andrii Pilshchykov, mais conhecido como “Juice”. O major-general crê que “ele estaria a formar um outro piloto” devido à “especial aptidão para pilotar aviões de caça”.

Se não era experiente, como diz Agostinho Costa, de onde vem a “fama” de “Juice”, nascido em Kharkiv (os óbitos disponíveis apontam 1992 ou 1993 como o ano de nascimento) e condecorado com a Ordem de Coragem? “Era famoso porque era um blogger com muitos seguidores, com bom aspeto e geria uma boa imagem.”

Agostinho Costa garante ainda: “Juice não era um herói de guerra”.O impacto mediático da morte, diz, deve-se ao facto de ser “um homem do digital, um influencer”, ao contrário dos outros dois companheiros que faleceram no mesmo acidente - o que, para o especialista, demonstra bem o papel da comunicação no conflito.

Por outro lado, para Isidro Morais Pereira, a origem da fama parece ser outra. “Tinha muita experiência, muitas horas de voo”, diz, garantindo ainda que seria um piloto com muita experiência e que já ajudava na formação de outros. Assim, para o major-general o que aconteceu terá sido um “acidente em missão de treino”. Os caças são, explica, aeronaves “monolugar”, com exceção de “um ou outro que têm dois lugares para dar formação”. Assim, “Juice” seguiria numa dessas exceções a ensinar “um piloto mais novo ou habituado a pilotar outras aeronaves”. 

A investigação da morte dos três pilotos, no que para Agostinho Costa também terá sido um “lamentável acidente durante um ato normalíssimo” de treino, está agora a decorrer. “Não há suspeitas de sabotagem”, afirma o major-general Isidro Morais Pereira.

Posto tudo isto, Agostinho Costa desvaloriza o impacto da morte de “Juice” na contraofensiva ucraniana em curso. “Não creio que tenha um grande impacto no plano da guerra e na vontade de combater dos ucranianos.” O major-general garante que o impacto vai ocorrer é “na opinião pública e na resiliência da população”.

Agostinho Costa explica que tal se deve ao facto de “Juice” ser “conhecido no campo mediático como um herói de guerra”. Assim, o piloto passa agora a ser visto como “um ídolo que morreu, um ídolo que era um elemento de união interna”.

“Não tem implicações profundas nos combatentes”, considera também Isidro Morais Pereira, admitindo, no entanto, uma “consternação e tristeza momentânea” por parte dos ucranianos. “Uma morte destas é algo que sabemos que pode acontecer.” Mas alerta: “São menos três pilotos e a Ucrânia precisa de todos” - num momento em que o país se prepara para receber caças F-16, os pilotos são “poucos” e “os pilotos levam bastante tempo a formar”.

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