Putin alerta para "efeito catastrófico" das sanções e diz que “causam muito mais danos” ao Ocidente do que à Rússia

Agência Lusa , NM
8 jul 2022, 18:55

Presidente russo congratulou-se ainda pelo facto de Moscovo estar a resistir ao boicote ocidental ao petróleo russo

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu esta sexta-feira que as sanções ocidentais impostas à Rússia por ter invadido a Ucrânia poderão ter consequências catastróficas para o mercado global de energia.

“Uma maior utilização da política de sanções pode levar a consequências ainda mais graves, sem exageros, mesmo catastróficas para o mercado global da energia”, alertou Putin, citado pela agência francesa AFP, durante uma reunião do Governo.

Putin disse ainda que as sanções contra a Rússia “causam muito mais danos” aos países que as impõem, uma ideia que tem repetido com insistência ao referir-se ao aumento dos preços da energia no Ocidente.

O líder russo congratulou-se por outros países estarem a resistir às exigências ocidentais de aumentar a produção petrolífera para compensar o boicote ao petróleo russo e evitar a subida dos preços.

A União Europeia (UE) e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos desde que Putin ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

As sanções incluem um embargo ao petróleo russo imposto pela UE, Estados Unidos e Reino Unido.

Na reunião com o executivo, segundo a agência russa TASS, Putin disse que as sanções da UE, em particular o recente embargo petrolífero, não foram inesperadas para a Rússia.

Admitiu, no entanto, que as sanções “estão a prejudicar” a economia russa.

“Precisamos de nos sentir confiantes, mas os riscos permanecem tanto para as indústrias individuais como para o mercado de trabalho”, disse.

Para contrariar os efeitos das sanções, Putin defendeu a “construção de infraestruturas” para aumentar a capacidade de enviar gás para todas as regiões da Rússia.

Pediu também às companhias russas do setor que procurem “diversificar as exportações para mercados promissores no sul e no leste”.

“O Governo está a trabalhar em opções para o desenvolvimento das infraestruturas ferroviárias, marítimas e de oleodutos para o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos russos a países amigos”, acrescentou, citado pela TASS.

Em resposta às sanções ocidentais, a Rússia cortou nas últimas semanas o fornecimento de gás a países europeus, que continuam fortemente dependentes dos hidrocarbonetos russos, apesar dos recentes esforços para diversificar os fornecedores.

O trânsito de gás russo através da Ucrânia atingiu o seu nível mais baixo de sempre em junho, segundo a AFP.

A Alemanha vai ficar sem gás russo a partir de segunda-feira, pelo menos temporariamente, devido a trabalhos de manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que liga os dois países.

Como resultado destas consequências da guerra na Ucrânia, que entrou esta sexta-feira no 135.º dia, os preços da energia dispararam, alimentando um aumento da inflação que poderá ter um impacto duradouro no consumo e no crescimento.

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