“Custou-me muito deixar aquele povo para trás”: as primeiras declarações de Paulo Fonseca após o regresso da Ucrânia

1 mar 2022, 00:48

Treinador português chegou a Lisboa na companhia da mulher e do filho de 3 anos. Esteve retido na Ucrânia, depois conseguiu chegar à Roménia e agora está de regresso a Portugal

Em conferência de imprensa no Aeroporto de Lisboa, Paulo Fonseca, um dos 38 portugueses e luso-ucranianos que chegaram da Roménia num voo de repatriamento, agradeceu ao Shakhtar Donetsk, à embaixada portuguesa na Ucrânia e ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol pela ajuda prestada em território ucraniano e no processo de fuga do país.

Afirmando sentir uma "tristeza muito grande" e que lhe custou "muito deixar aquele povo para trás a lutar" e "ver o que acontecia em Kiev", Paulo Fonseca revela que o "momento mais difícil" foi quando começaram a cair as primeiras bombas na capital ucraniana. "Entrámos em pânico, só tivemos tempo de pegar nas malas. Ainda tentámos fugir, mas o trânsito era tanto que era impossível."

O treinador acabou por se instalar no hotel do dono do Shakhtar Donetsk, clube que treinou e onde tem amigos, pelos quais confessou estar "muito preocupado" - pois, apesar de estarem bem, “estão na frente de batalha”. O português relatou ainda as dificuldades da viagem em solo ucraniano.  "Vimos algumas colunas militares e fomos parados uma vez. O trânsito era imenso. Parávamos nas estações de serviço e já não havia comida."

O treinador disse que é "muito difícil" estar feliz com o regresso por ter deixado "tudo para trás", mas explicou que o pior em Kiev começou a acontecer após ter saído da capital ucraniana. "Imaginei que algo pudesse acontecer em Donetsk, mas em Kiev ou Kharkiv não. É inimaginável."

Paulo Fonseca considerou também "manifestamente insuficiente" os esforços feitos para salvar os ucranianos, apesar de reconhecer que Portugal e a União Europeia estão a fazer o máximo possível. O treinador revelou ainda que "nem tem pensado no futebol" e na sua carreira, e que não deverá regressar ao ativo esta época. Terminou deixando um apelo aos portugueses que ainda estão na Ucrânia e querem sair: “Tenham esperança e contactem a embaixada. Vão ajudar-vos”.

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