Fernando Cabecinha garante que as sete lojas que já existem nas ilhas e em Cabo Verde têm papel essencial na estratégia dos maçons
O atual grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) garante que uma das maiores apostas da maçonaria será nos arquipélagos na Madeira e dos Açores e nos países lusófonos. A revelação é feita no programa eleitoral para a disputa que irá ocorrer já neste fim de semana pela liderança do GOL, obediência que tem neste momento 105 lojas maçónicas espalhadas pelo País. Fernando Cabecinha, o atual grão-mestre enfrenta Natal Marques, o outro candidato a estas eleições maçónicas. No seu programa eleitoral, a que a CNN Portugal teve acesso, Cabecinha explica que “um dos principais desígnios” do mandato para 2024-2027, será o de “consolidar uma Maçonaria Atlântica sob os auspícios do GOL”.
Maçonaria esta que, segundo o atual grão-mestre, já conta no arquipélago dos Açores com quatro lojas: duas na Ilha Terceira, uma na Ilha de São Miguel e outra na Ilha do Pico. Já na Ilha da Madeira, o GOL tem uma loja onde se reúnem os maçons. Desta “Maçonaria Atlântica” fazem ainda parte, de acordo com documento com o programa eleitoral, duas lojas do GOL que existem no arquipélago de Cabo Verde.
“Dispondo, neste momento, de templos próprios, instalados em imóveis arrendados pelo Grémio Lusitano, encontra-se em estudo avançado a possibilidade de aquisição de um espaço em Angra do Heroísmo”, adianta Cabecinha no seu programa, explicando que estas “sete oficinas” onde se reúnem os maçons nos Açores, Madeira e Cabo Verde “consubstanciam características comuns, diversas das restantes existentes no território português”.
Esta “Maçonaria Atlântica”, acrescenta o ainda líder dos maçons, terá a chancela do GOL.
“Assumiremos, então, como prioridade absoluta a consolidação deste importante espaço maçónico e geográfico, onde a maçonaria portuguesa poderá vir a crescer de modo saudável e exemplar”, diz no documento eleitoral que enviou a todos os maçons.
Avisos sobre a segurança das informações
Outros dos temas abordados pelo grão-mestre é a necessidade de manter em total segurança todas as informações que circulam dentro do Palácio Maçónico, que se situa no Bairro Alto, incluindo os nomes dos maçons. Considerando que o “controlo das informações é essência e parte condicional do bem-estar” do GOL e dos maçons, Cabecinha assume que é urgente garantir que “os dados de todos” estão protegidos e que “seja possível uma comunicação segura, absolutamente privada e sem vigilâncias externas”. O candidato garante, contundo, que nos últimos três anos o GOL “já aprofundou as condições tecnológicas” para que a informação esteja segura, “sobretudo nas grandes secretaria-geral e tesouraria-geral, que movimentam constantemente muita informação”.
A possível entrada de mulheres no GOL também é abordada por Fernando Cabecinha. Assumindo tratar-se de um assunto difícil, o ainda líder dos maçons explica que o processo de debate e deliberação está ainda a decorrer.”
“Na eventualidade de, findo esse percurso de debate e deliberação, o Povo Maçónico opte pela abertura em causa”, refere, as lojas serão depois “livres de abrirem” às mulheres ou “manterem o princípio da masculinidade”.
O segredo dentro dos templos
Outra das preocupações dos maçons é a imagem que hoje parecem ter na sociedade, nomeadamente em relação ao secretismo. “Queremos demonstrar, à sociedade profana, que o secretismo da maçonaria diz somente respeito às práticas iniciáticas e rituais, porque estas são apreendidas por cada maçon de forma pessoal e incomunicável”, frisa, acrescentando: “A maçonaria, em si mesma, como organização, é tão aberta como qualquer outra sociedade juridicamente constituída. Sabe-se onde fica e conhecem-se os seus responsáveis”.
Aos seus “irmãos”, Cabecinha pede que sejam rigorosos no recrutamento, e assume que é importante motivar e envolver a “muita juventude nas lojas”. Aliás, uma das prioridades da equipa do atual maçom é “através do Grémio Lusitano” promover “a realização de protocolos e acordos com escolas e universidades, tendo em vista a promoção de atividades culturais, como conferências, debates, exposições, publicações”. Em cima da mesa estão ainda protocolos com “universidades tendo em vista a realização de cursos de pós-graduação em maçonaria e áreas com ela conexas”. Da lista de promessas do grão-mestre estão ainda um investimento na biblioteca, no arquivo e no museu maçónico, onde estão guardados muitos do que se passa dentro dos templos maçónicos de todo o País
