Mais pessimista, Marcelo diz que vai "esperar para ver se o Governo tem razão" quanto à evolução da inflação

Agência Lusa , BCE
10 out 2022, 19:19

No cenário macroeconómico que serve de base à proposta de Orçamento do Estado para 2023 o Governo prevê taxas de inflação de 7,4% em 2022 e de 4% em 2023

O Presidente da República disse estar mais pessimista do que o Governo quanto à evolução da inflação em 2023, mas afirmou que "não há nada como esperar para ver", desejando que o Governo tenha razão.

"Eu tenho de reconhecer que as previsões do Governo são mais otimistas do que aquelas que eu tinha, tenho de admitir isso. E aí não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se tiver razão, eu reconheço essa razão. Se não tiver razão, então eu naturalmente estou atento", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Museu da Eletricidade, em Lisboa, assumindo algum "pessimismo" nesta matéria.

Sem apontar números para a evolução da inflação, o chefe de Estado admitiu pensar que "uma imprevisibilidade pode levar a que a taxa de inflação possa ser um bocadinho mais elevada, pelo menos no começo do ano que vem".

"Ao que o Governo responde dizendo: pois é, mas o cálculo é para o ano que vem todo, e mesmo que a inflação ainda esteja a nível de 5%, 5% e tal no começo do ano que vem, no final já não está. Portanto, é um problema de contas. Eu respeito as contas do Governo, e ficarei muito satisfeito se for o Governo a ter razão", concluiu.

Segundo o Presidente da República, com a proposta de Orçamento do Estado para 2023 apresentada esta segunda-feira, o executivo procurou responder à atual conjuntura com "equilíbrio, que acaba por não agradar a gregos nem a troianos".

"Uns queriam mais, e depois há uns economistas que dizem: atenção, isto é perigoso. O Governo está a fazer a navegação possível à vista da costa. Toda a gente está a navegar à vista da costa", considerou.

Questionado se reconhece equilíbrio na proposta de Orçamento, respondeu: "Eu reconheço um Orçamento que parte de uma situação com folga em 2022, portanto, houve a preocupação de criar a folga em 2022. Fere essa folga sem correr muitos riscos, partindo do princípio de que a situação vai evoluir favoravelmente naquilo que neste momento é mais doloroso para os portugueses, que é a subida dos preços".

No seu entender, "há uma confiança do Governo quanto a que a inflação não vai subir, disparar, nem vai continuar muito alta, aí há confiança".

"No resto, o Governo vai gerindo de tal maneira que – como se verá no ano que vem, tem sido a prática nos últimos anos – vai ajustando semana a semana, mês a mês, ao longo do ano com a tal navegação à vista da costa. Piora um bocadinho, toma precauções. Melhora um bocadinho, já tem uma folga para poder intervir mais", acrescentou.

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