F.C. Porto-E. Amadora, 3-0 (crónica)

17 nov 2001, 17:21

Um aquecimento para Esnaider Em 13 minutos a eliminatória estava arrumada. O restante foi recreio, que expôs parte da genialidade de Esnaider, perceptível da cabeça... ao calcanhar.

Não foi propriamente um encanto ou um deslumbre. Possivelmente, ninguém pediria tanto de um jogo que fizera brotar desequilíbrios muito antes de começar, nascidos, de geração espontânea, no segundo imediato àquele que ditou o confronto. Caprichos do sorteio, a que os da Amadora não acharam grande piada. E com razão, perceber-se-ia duas semanas mais tarde. 

Sem jogadores com brilho equiparável ao nome cintilante da equipa, o Estrela tinha, por sorte, dois fantasmas a jogar por si. Acabara de eliminar o Torreense, que cometera a proeza de afastar o F.C. Porto da Taça, nos tempos de Fernando Santos e nas Antas, e tinha no banco o treinador que derrotara os «dragões» na útlima jornada, quando o título escapou para Alvalade. 

Juntas, as duas assombrações não provocariam uma beliscadura, um arranhão ou, sequer, um arrepio. As possibilidades de «haver» Taça esgotaram-se nos inconsequentes ensaios de Semedo, repetidos num serpenteado, desequilibrador, primeiro, e previsível, no gesto seguinte, enquanto se demorava à procura do pé direito. 

Velocidade, tabelas e azar 

O F.C. Porto resolveu a questão, de pura paciência, em treze minutos. Tão simples como insistir até quebrar a resistência duma imensa muralha. Mas o tal minuto 13 também levava azar à mistura. Robles parecia ter defesa para o remate frontal de Soderstrom, mas não lhe sobrou reacção para o desvio involuntário de Gaucho, que se atravessou na frente do sueco. 

Entre velocidade e tabelas, umas programadas e intencionais, outras imprevisíves e infelizes, nasceu o golo que apertou a garganta à eliminatória, um combinado de beleza e fortuito, que fez a bola espirrar directamente dos pés de Raul Oliveira para os de Esnaider, que se estreou a marcar com a camisola do F.C. Porto, quando Clayton já havia desperdiçado a oportunidade de ler a sentença de um nado-morto. 

Na verdade, a eliminatória não chegou a gatinhar nas Antas, revelando-se até incapaz de balbuciar uma ameaça. Um descanso para o F.C. Porto, que soube merecê-lo, aproveitando, inclusive, para testar um novo sistema, com Pena e Esnaider no ataque, ainda que reincidindo nos problemas do tradicional 4x3x3: o incontornável desperdício. 

Brilho argentino 

A prova de que Esnaider é um avançado como poucos, hábil suficiente para recorrer ao calcanhar como método de deixar companheiros de equipa a sós com o guarda-redes adversário e inteligente bastante para redescobrir caminhos de acesso à baliza, mesmo errando, por centímetros, o ensaio de um «chapé», cujo desenlace o deixou visivelmente irritado, foi o melhor e, talvez, o mais relevante do jogo. O resto foi recreio. Do argentino e dos demais, que abusaram de números arriscados e da imprevisibilidade de qualquer gesto. Mais a sério, o resultado seria inevitavelmente mais volumoso. 

Com a eliminatória resolvida, o árbitro acumulou lapsos, uns atrás dos outros. Alguns deles bem mais absurdos do que aqueles que a atarantada defesa do Estrela cometera. Entre outros, esqueceu-se de apontar a marca de grande penalidade quando Raul Oliveira derrubou Paulo Costa ou ordenar a cobrança de um livre-indirecto na área portista, depois de Paulo Santos segurar e largar um atraso de Rubens Júnior.

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